Pedro Rocha | Autarcas, Autarquias, Eleições, Programas. Política.

"Não é possível, nem é credível que alguém ou um grupo de cidadãos se proponha eleitoralmente sem ter um programa objetivo, bem delineado, e devidamente publicitado."

É a primeira vez que arrisco ponderar e publicar algo sobre a ação política local, autárquica, dentro de um tempo em que eleições se aproximam.

Política é pensar e executar de forma criteriosa, objetivos sociais dentro de um determinado perfil ou noção de sociedade. Contudo, a nível local, essa noção dilui-se e o pragmatismo sobrepõe-se à ideologia.

Nestes últimos quase quatro anos, desde as últimas eleições, algumas e boas coisas foram acontecendo na discussão política, sendo a principal, a que não é possível construir um projeto credível, exequível, fiável, sem haver uma avaliação pública do estado e condição da autarquia.

Esse confronto, é que vai decidir dentro do pragmatismo, objetividade e qualidade, o que essa mesma avaliação vai criar ou ser base para um programa eleitoral, dentro de uma visão política para a comunidade e seu bem-estar.

É exatamente por aqui que a discussão política deve acontecer, credibilizada e personalizada por agentes capazes de entender e a projetar no tempo, tendo em conta prioridades e hierarquias de valores e causas.

Execuções orçamentais só são fator de discussão e confronto político se houver objetivos, e os mesmos não estarem a ser cumpridos, quer no tempo, quer na qualidade e execução, em face do programa proposto.

Não é possível, nem é credível que alguém ou um grupo de cidadãos se proponha eleitoralmente sem ter um programa objetivo, bem delineado, e devidamente publicitado.

Essa é a discussão que tem acontecido, e quando não aconteceu o resultado está à vista, não têm nada para oferecer ao eleitorado, quer estando no poder, ou na oposição.

Os eleitores, nós todos, queremos perceber a participar em algo que exprima um caminho com uma direção objetiva, e comprometa e classe política, corporizando essa vontade, ou vontades, a sufrágio.

Temos assistido até agora a uma discussão e decisão que enquadra pessoas, mas não define objetivos e formas de aplicação no tempo. Não existe uma qualquer discussão programática baseada numa avaliação demonstrativa do conhecimento de causa, e demonstrativa também de um caminho a seguir para alcançar um objetivo, que deverá ser o alvo de grupo ou grupos candidatos a eleições.

Os partidos vivem, apesar de forma lenta, e muitas vezes também de forma tipo “catavento”, uma transformação em que internamente se tenta eliminar o conhecido e muito falado “caciquismos”, por outras perspetivas políticas em que o programa e a capacidade de executar se sobrepõe a tudo o resto e, ainda, em que os agentes terão de ser os melhores e mais capacitados interpretes desses mesmos objetivos.

Não é mais possível ficar sentado à espera de ser escolhido com base em posições adquiridas de forma artificial, para não usar outros adjetivos, e somente pensando que isso é suficiente para se manterem no poder, mesmo sem capacidade ou objetivos para o exercer, tendo em conta a necessidades e ansiedades da comunidade.

Pedro Rocha | Autarca, militante do PSD em Algueirão Mem Martins