“É muito difícil traduzir em palavras aquilo que alguns de nós viveram no dia 25 de Abril de 1974.
Jovem adolescente, recordo a imensa alegria dos meus pais e avós quando se confirmou a queda do Regime, a multidão nas ruas, o choro de minha mãe dizendo-me baixinho “já não vais à guerra…”, as imagens de presos políticos a serem libertados, o sorriso aberto de jovens militares que correram todos os riscos em nome de algo superior a todos nós – a Liberdade.
Para aqueles que hoje em dia a dão por adquirida – não se iludam. Não se acomodem. O Estado Novo como o conhecemos durante 48 anos jamais regressará – mas os ideais de extrema Direita neo-fascista não morreram e possuem hoje em dia meios muito mais poderosos para iludir, convencer os incautos e manipular a natural insatisfação de alguns grupos sociais. Há até quem já queira diminuir o significado do 25 de Abril apontando mais adiante para Novembro ou sublinhando negativamente as naturais dificuldade de percurso – é a derradeira tentativa de quem nunca suportou uma Revolução que trouxe igualdade, direitos, utopia.
Cuidado, pois, com quem “chega” agora e, usufruindo da Liberdade e da Democracia, nada mais pretende do que insuflar ódios, manipular consciências, dividir para reinar e, em último grau, colocar em causa o próprio sistema democrático.
E o sistema democrático deve cuidar de uma necessária regeneração que não permita que alguns se sirvam dele em vez de o SERVIREM e de criar condições para uma participação cívica mais alargada por parte de todos os cidadãos.
Uma coisa é certa e lutarei por isso até ao último dos meus dias: 25 de Abril, SEMPRE! Fascismo, NUNCA MAIS!”
António Luís Lopes