Na minha última crónica, que chamei de “Valências do Parque de Valenças”, foi de forma bem natural que englobei no texto a modalidade de hóquei em patins e, como seria de esperar, o nome do clube que, na modalidade e na totalidade dos desportos que pratiquei, ou de alguma maneira acompanhei, mais me marcou, o Hockey Club de Sintra.
Um evento recente, leva-me a tornar a escrever sobre a mesma modalidade e o mesmo clube, mas acrescentado um nome:
AVELINO MELO
No passado 31 de março de 2019, o Hockey Club de Sintra promoveu uma homenagem, adianto que bem justa, a que deu o nome de “Homenagem a Avelino Melo”.
Só um cataclismo ou doença completamente impeditiva me impediria de estar presente. Nem sempre se presta homenagem a quem merece. Nem sempre quem merece é homenageado… Não foi o caso, o tributo foi mais que merecido!
Os oito anos de idade que me separam do Avelino, fez com que nunca me cruzássemos nos escalões de formação, mas sempre foi, a par de alguns mais, uma referência como atleta e que fui encontrar, muito surpreendentemente no meu primeiro ano de sénior, quando tinha 18 anos de idade e decidido a abandonar a modalidade, por não prever possibilidades de ter lugar na equipa principal do clube.
O treinador da época, Cipriano Santos, entendeu que me queria na equipa, e tal como no início da minha carreira como principiante, também ali após quatro treinos, num jogo de campeonato nacional, em Cascais, decidiu que me caberia a tarefa de defender as balizas de uma equipa de craques, onde pontificavam internacionais e um campeão mundial.
Eram o Carlos Nascimento, o José Capote, o campeão mundial Rui Faria e o Avelino Melo… Foi um orgulho e um ego em alta, ser companheiro de equipa daquelas, todos referências na modalidade… era algo nunca tinha imaginado.
Apesar de oito anos mais velho que eu, quando deixei as lides hoquistas, o Avelino por lá ficou e voltei a encontrá-lo, nos meus 36 anos, com ele já nos 44. Dizem que começou na modalidade aos dez anos, estava o Avelino já com 34 anos de jogo na modalidade que abraçou para nunca a abandonar… Hoje aos 80 anos ainda por lá anda, perfeitamente conhecedor das limitações a que o corpo obriga, mas está lá!
Se é verdade que começou aos dez anos, já vão 70 anos de dedicação sem intervalos, não só como praticante de eleição da modalidade, mas também como treinador e dirigente, tudo isto, sempre no Hockey Club de Sintra. Um exemplo de dedicação.
Na homenagem estiveram antigos companheiros de equipa e antigos adversários que não quiseram ficar de fora no “Tributo a Avelino Melo”.
Haverá coisas que estão no sangue, ou nos genes, ou sei lá onde, mas parece hereditário, na festa do Avelino, a jogar já como veterano, estava o filho e a representar os escalões de formação, estavam três netos…
Com esta representação da família Melo, o Hockey Club de Sintra poderá estar descansado, terá sempre alguém a dedicar o seu tempo e esforço em prol de uma modalidade e de um clube de referência no concelho, e também no país, com os dois títulos de campeão nacional no seu palmarés…
Na homenagem, o vice-presidente da Câmara Municipal de Sintra, anunciou que em próxima sessão camarária, o Avelino Melo, seria proposto a ser galardoado com a medalha de mérito do Concelho. Nada mais justo!
Tanto como o clube, o Hockey Club de Sintra, o Avelino Melo é um homem que serve de exemplo no desporto.
José do Nascimento
