Júlio Cortez Fernandes | Novo ciclo de Desenvolvimento do Município de Sintra

"O fim do 'estigma' suburbano, pronúncia novo ciclo desenvolvimento, e colocar município de Sintra no patamar de notoriedade que tem direito, na economia, prestígio e qualidade de vida. Os Sintrenses merecem."

A crise social e económica assolou o País ainda não terminou, marca profunda causada pela aplicação do programa de ajustamento mal concebido, desajustado da realidade específica de Portugal, que governo época seguiu à risca, sem contestar, como devia para defesa dos interesses dos “ governados”, levará tempo a desaparecer.

No município de Sintra, segundo mais populoso do País, cuja contribuição para a formação do PIB, è igualmente a segunda (4%), efeitos do “tsunami” da troika, foram sentidos com intensidade. Como vulgarmente se afirma, no entanto, há males que vêm por bem.

A paragem na edificação imobiliária, possibilitou reflexão para direcionar a actividade económica no território Sintrense no sentido de aproveitamento do espaço ainda livre da especulação imobiliária, para ocupação propícia a mais emprego.

apesar de apelidarem os nossos sítios “dormitórios”, não estávamos a dormir.

O município Sintra, pejorativamente designado “dormitório “, com alguma razão devemos ser justos, é palco de inovador facto social relevante, chegada idade da reforma de cada vez maior número de residentes, os quais, já não obrigados a percorrer, tal qual milhares de vezes fizeram trajecto pendular para centro da grande Lisboa.

Os jubilados, com esperança de vida, felizmente, mais dilatada, vivem o dia-a-dia nos “bairros” onde moram, criando condições para instalação de serviços públicos e privados até há pouco desnecessários, não atractivos para empreendedores.

Durante algum tempo pareceu existir espécie de “santa aliança” entre promotores imobiliários de áreas exteriores ao concelho de Sintra, e ineficiência dos serviços municipais, objectivo os estratos sociais com poder de compra, fossem “encaminhados” para urbanizações onde os queriam “inquilinos”: lembro escutar e ler anúncios do género “não perca tempo nas filas do IC19 e venha viver para…” Relutância em instalar centro comercial e hipermercados, degradação dos centros de saúde, etc., tudo se conjugava deslocar para fora de Sintra gente de capacidade financeira. No entanto muitos gostamos desta terra resiste, ficamos, a crise veio revalorizar o nosso património imobiliário.

Serviços públicos e privados que faltavam começam ser concretizados porque aqui moram e vão continuar a residir milhares de pessoas. O hospital público em fase de concretização, idêntica infra-estrutura privada também. A auto-estrada A16, liga o concelho a todo o País sem ser necessário transitar pelo centro de Lisboa; permite também a maioria das freguesias do concelho estejam a 15 minutos do oceano, por exemplo da Praia do Guincho e Cascais. As pessoas estão no território em permanência, há cada vez mais parques urbanos, ciclovias, escolas, centros de saúde construídos de raiz, médicos desejam vir trabalhar para cá, número de utentes sem médico de família é mais reduzido.

Cacém-Polis originou nova centralidade, loja e postos de atendimento do cidadão são sucessos, hipermercados como o de Mem Martins deram azo requalificação de modo harmonioso. O número de empresas quer vir para Sintra, cada vez mais significativo em quantidade e dimensão.

A câmara municipal, deu finalmente prioridade a modernização e humanização do espaço público, paisagístico e ambiental. O fim do “estigma” suburbano, pronúncia novo ciclo desenvolvimento, e colocar município de Sintra no patamar de notoriedade que tem direito, na economia, prestígio e qualidade de vida. Os Sintrenses merecem.

Em tempo tive ocasião de referir publicamente apesar de apelidarem os nossos sítios “dormitórios”, não estávamos a dormir. Como afinal se verifica.

 

Júlio Cortez Fernandes, Historiador / especialista em História Local Sintrense

Vereador da Câmara Municipal de Sintra (1977-1979) – (1979-1982). Presidente Substituto da Câmara Municipal de Sintra, Março a Julho de 1978. Deputado Municipal Assembleia Municipal de Sintra de 1992 a 2003. Deputado da Assembleia Metropolitana de Lisboa. Vogal e Presidente da Assembleia de Freguesia de Rio de Mouro. Agraciado em Junho de 2002, com a “Medalha de Mérito Municipal 1º Grau Ouro. Medalha de mérito da Freguesia de Rio de Mouro, Julho de 2007.