Bruno Parreira | Porque Janeiro de 2017 começou logo em Novembro de 2013

É preciso voltar àqueles primeiros dias de Novembro de 2013. A euforia havia passado. A vitória da noite eleitoral era já só um travo doce na memória de todos. As tomadas de posse estavam feitas. Havia que trabalhar.

Nenhuma obra é de um só momento. É por isso bom lembrar aqueles dias de Novembro de 2013.

O Tribunal de Contas dizia que não seria possível aceitar a reorganização empresarial proposta pelo anterior executivo municipal. Os credores de empresas municipais pairavam agitados sobre os Paços do Concelho.

Empresas municipais exauridas por dívidas e manifestamente exangues de iniciativa. Serviços municipais sem ideias, sem rasgo e sem projeto. Naqueles dias de Novembro o travo doce dava lugar à inquietação e à incerteza.

Era preciso negociar. Era preciso mobilizar. Era preciso dar rumo. Era preciso sonhar!

Andemos ainda mais atrás. Ao perfil do candidato escolhido pelo Partido Socialista para encabeçar a lista autárquica de 2013. Credibilidade, empreendedorismo, capacidade de atração de investimento.

Alguém que pudesse dar corpo a uma estratégia de desenvolvimento para o segundo maior município do país.

Alguém que lhe desse peso diplomático. Alguém que lhe desse peso politico. Alguém que lhe desse experiência.

O Dr. Basílio Horta foi escolhido. Escolheu Sintra. E ganhou Sintra.

Lembrar os dias da escolha é perceber porque o mundo não desabou naqueles primeiros dias de Novembro. De imediato arregaçou as mangas. “Controlemos a despesa corrente”. “Saneemos a Câmara do ponto de vista financeiro”. “Sem boas finanças não há boa estratégia”. “Sintra não pode depender de credores”. “Não consentimos um concelho curvado nos corredores do Terreiro do Paço”.

Não sei se disse exatamente assim. Mas foi assim que aprendi a lição. Foi o primeiro passo.

O passo sem o qual nenhuma estratégia poderia ser desenvolvida.

Receber bancos. Acertar estratégias. Planear uma restruturação do setor empresarial municipal. Extinção de empresas. Cuidar da paz social. Cuidar de que ninguém ficaria para trás engrossando ainda mais as filas do desemprego.

Espero que um dia nas suas memórias o Dr. Basílio Horta dedique importante capítulo a Sintra.

Talvez os milhares de funcionários das empresas municipais nunca tenham chegado a perceber o risco de desemprego que correram.

Com a ajuda de todos conseguiu-se. Começou a pagar-se a divida. O Tribunal de Contas assentia nas estratégias desenhadas. Chamavam-se os presidentes de Junta. Perguntavam-se utopias ao mesmo tempo que se comunicava que o cinto tinha mesmo de apertar.

Naqueles dias de Novembro, acabados de chegar, já nos era comunicado que a água das regas de espaços verdes passaria a ser paga pelas Juntas de Freguesia. Ao mesmo tempo que nos perguntavam o que achávamos fundamental e utópico. Dias loucos aqueles de Novembro.

Dias em que conviviam no pensamento realidades tão diferentes como o sonhar o futuro por oposição à necessidade de acomodar cortes violentos do ponto de vista orçamental. Talvez ninguém imagine o que foram aqueles dias de Novembro. Porque nunca ninguém vociferou contra aquilo que encontrou.

Um desabafo aqui e outro ali. Certo. Mas mais do que o passado os olhos estavam mesmo no futuro. Isso foi o que de mais importante aprendi. É possível no meio de uma crise não parar de sonhar. É esse o legado do Dr. Basílio Horta.

Enquanto resolvia problemas de complexidade maior dava instruções para que o sonho tomasse lugar.

Gabinete estratégico empresarial. Conselho ambiental. Legalização de AUGI. Legalização de instalações empresariais clandestinas. Pedidos de legislação especial para legalização de empresas ao Ministério da Economia. Exigência de obras para o município. Áreas de Reabilitação Urbana. Pagamento de dívidas. Tantos e tantos sonhos. Tudo ao mesmo tempo.

Tudo com uma serenidade e naturalidade que só podiam espantar os mais inexperientes. Sempre por perto a apreender. A aprender.

Finalmente havia projetos. Finalmente há dinheiro para fazer esses projetos.

Percebo bem aqueles que agora querem mais. Foram muitos anos sem sonhar. Sonhemos agora.

Foi isso o que de mais importante o Partido Socialista e o Dr. Basílio Horta deram a Sintra a partir daqueles dias de Novembro.

Capacidade de sonhar. Agora sim. Agora podemos. Agora Sintra pode.

Saneou as suas contas. Desenhou o seu futuro. Projetou-se.

Acordamos nestes primeiros dias de Janeiro de 2017 e o que vemos?

Vemos Áreas de Reabilitação Urbana com projetos concluídos e já com algumas obras. Vemos um município financeiramente apontado como exemplo para o país. Vemos Universidades e Academias a reconhecerem projetos municipais como exemplo. Vemos a Start-Up. Onde estava um IC-19 repleto de arqueologia industrial está hoje um eixo de serviços e de negócios pujante, dinâmico e ativo. Vemos aumento de investimento e quebra de desemprego. Vemos a Quinta da Ribafria à mão de qualquer um de nós. Vemos a Quinta Nova da Assunção onde podemos passear. Vemos o Parque Urbano da Rinchoa e a Quinta Fidalga com um jardim para todos. Vemos o Centro lúdico das Lopas a ser requalificado. Vemos os nossos Clubes a mudar relvados sintéticos. Temos Centros de Saúde em construção e um polo hospitalar garantido.

Damos passos. Tantos passos. Cada dia um, outro e outro ainda. E outro mais.

Sintra sonha e Sintra agora pode. Sintra tem utopia mas tem também forma de a atingir.

Que se remexam mais todos aqueles que criticam. Mais e mais. É sinal de que também sonham. É sinal de que também eles acham que Sintra pode tudo.

Porque foi isso que afinal trouxemos para Sintra. A noção de que podemos ser aquilo que quisermos.

E isso devemos ao Partido Socialista e ao Dr. Basílio Horta.

Bruno Parreira, presidente da Junta de Freguesia de Rio de Mouro