A Liberdade, devolvida aos portugueses pela Revolução de 25 de Abril de 1974, veio transformar por completo todo o país, com particular destaque para os actos eleitorais onde o povo, até então confinado a um partido único, passou a poder escolher livremente os seus governantes.
Mas, a meu ver, em todo o processo de democratização de Portugal após a Revolução dos Cravos, a medida mais importante terá sido quando se concretizaram as primeiras eleições livres e democráticas para as autarquias locais. Aí, o povo escolheu os seus líderes de proximidade, sentiu verdadeiramente que estava envolvido no processo, entusiasmou-se com a sua participação activa nos destinos da sua região.
De facto, por todas as câmaras municipais e freguesias do país a adesão e o interesse popular foi extraordinário. Em Colares, do mesmo modo, também se verificou uma
!["Em Colares, do mesmo modo, também se verificou uma considerável alteração na monótona situação vivida até então. Muitas foram as realizações, os projectos, os sonhos, visando sempre o desenvolvimento da região e o bem-estar das pessoas"](https://sintranoticias.pt/wp-content/uploads/2016/09/ALF-204x300.jpg)
considerável alteração na monótona situação vivida até então. Muitas foram as realizações, os projectos, os sonhos, visando sempre o desenvolvimento da região e o bem-estar das pessoas.
A minha primeira experiência como autarca deu-se em 1980, quando fiz parte da Assembleia de Freguesia de Colares, na oposição, no mandato em que foi presidente da Junta de Freguesia o senhor Eduardo Muge.
Em 1993 decidi candidatar-me à presidência da Junta de Freguesia, pela primeira vez, tendo sido eleito na lista do Partido Socialista, embora sem maioria absoluta. Mas, através do permanente diálogo democrático, conseguimos chegar a consenso com os membros da CDU e o mandato, muito profícuo e realizador, decorreu sempre dentro da normalidade política.
Já com maioria absoluta, em 1997 o PS volta a ganhar as eleições em Colares e eu assumi, de novo a presidência da Junta. Tal como no mandato anterior, encontrei na Câmara Municipal de Sintra uma cooperação institucional e um apoio efectivo na, então, Presidente Edite Estrela e nas suas vereações. Recordo que foi nesta época que se implantou a rede de esgotos e as estações de tratamento, muitos arruamentos, e grandes melhoramentos nos espaços públicos.
recordo com profunda saudade a presidência de Acácio Barreiros na Assembleia Municipal. Um homem de extraordinário carácter e com uma cultura política muito acima da média.
Em 2001, e embora o PS tenha perdido as eleições para a Câmara de Sintra, em Colares voltamos a ganhar. Cumpri, então, o meu terceiro mandato consecutivo à frente dos destinos da freguesia e, pese embora sempre tenha mantido boas relações com o presidente e o executivo camarário, não consegui levar por diante, por falta de meios, alguns projectos que rotulava de importantes para o território e para as pessoas. Mesmo assim, foi de relevo obras como o Centro de Saúde de Colares, bem como outras de melhoramento ou construção de equipamentos e apoio às instituições da freguesia.
Como membro inerente da Assembleia Municipal de Sintra durante três mandatos, assisti e travei alguns debates acesos e muito empolgantes, numa discussão política sempre interessante onde, apesar da diferença de ideias, todos procuravam encontrar as melhores soluções para o Concelho de Sintra. Dos três mandatos, recordo com profunda saudade a presidência de Acácio Barreiros na Assembleia Municipal. Um homem de extraordinário carácter e com uma cultura política muito acima da média.
A vida pública é feita de uma entrega diária, constante. Há momentos de grande cansaço, de algumas desilusões, de falta de tempo para a família. Mas a alegria da concretização da obra, do apoio directo à comunidade, de ver crescer e desenvolver a nossa região, supera tudo e faz-nos acreditar no dever cumprido.
Alfredo Soares