Valter Januário: “Faltam clínicos para dar resposta a 26 mil utentes”

No início de cada mês, as filas intermináveis junto aos centros de saúde, e o de Algueirão – Mem Martins é exemplo disso, voltam a colocar a falta de médicos na agenda dos partidos políticos, das comissões de utentes e da comunicação social. Parece que nos outros dias o mesmo não acontece de igual forma.

Infelizmente, as reclamações dos utentes não param de aumentar. Não obstante, a saída progressiva de clínicos e de outros recursos humanos,  aumentam também as queixas sob os serviços,  nomeadamente o facto  de não atenderem os telefonemas aos utentes, bem como, a falta de resposta a pedidos de renovação de receituários. Tudo porque os profissionais que lá estão são poucos e não conseguem fazer mais.

Há uns anos, no âmbito da estratégia municipal de dotar o concelho de melhores equipamentos, foi possível a construção de cinco novos centros de saúde, entre os quais, o de Algueirão – Mem Martins, considerado um dos maiores do País. Uma reivindicação dos utentes com mais de 30 anos.

Não nos esqueçamos que o antigo centro de saúde funcionava num edifício de habitação com bastantes limitações, barreiras arquitetónicas, sem quaisquer condições, quer para quem lá trabalhava, quer para quem era utente.

É bom de ver, que a questão não está necessariamente relacionada com as condições do novo centro de saúde de Algueirão – Mem Martins. Este, foi um grande investimento para dar condições a quem trabalha e é utente no centro. Ainda que, a situação da falta de médicos de família seja um constrangimento  transversal à maioria dos centros de saúde, a verdade é que faltam clínicos para dar resposta a 26 mil utentes.

Muito se discute sobre a forma de atrair os médicos, em especial, os recém-licenciados para o sector público, em detrimento das oportunidades e ofertas do sector privado.

Não quero contudo, entrar nesta discussão, sobretudo quando diversos especialistas já se pronunciaram e apresentaram propostas para inversão da situação. Hoje, importa que o Governo Central considere a Saúde como uma prioridade e que adote medidas para dirimir os constrangimentos e atentar às reais necessidades da população. A Câmara Municipal de Sintra estará disponível para criar condições atrativas aos profissionais de saúde que queiram trabalhar no concelho. Está patente no nosso processo de intervenção a abertura para que se reduza o número de utentes sem médico de família e que existam no concelho cuidados de saúde de excelência.

É comumente reconhecido por todos o enorme investimento que o Presidente da Câmara Municipal de Sintra, Dr. Basílio Horta, tem feito neste o concelho no âmbito da criação de infraestruturas ligadas à área da saúde. Sublinham-se a construção de diversos centros de saúde, mas sobretudo a edificação do Hospital Universitário de Sintra.  

Como disse Dr. Basílio Horta, em referência ao hospital, “não era possível continuar a viver assim”, tornava-se premente a construção de um novo polo que no futuro próximo permita resolver os problemas crónicos das urgências do Hospital Fernando Fonseca.

Se estas medidas camarárias*, de criar condições ímpares para os profissionais de saúde e para utentes forem acompanhadas de outras medidas governamentais, que igualmente promovam e incentivam a medicina pública, a população de Algueirão – Mem Martins terá uma resposta rápida e de qualidade na área da saúde.

Em suma, pede-se ao Governo vontade de resolver e criar condições atrativas para que os profissionais de saúde se fixem na medicina pública, ou seja, queremos/solicitamos a implementação de uma verdadeira reforma estrutural, duradora e equilibrada que dignifique um dos elementares direitos patentes na Constituição da República, o direito à Saúde.

Já agora, termino como comecei. Os bons exemplos devem ser seguidos. Em Sintra, a Câmara Municipal está a fazer mais do que devia, mas acima de tudo está a defender os interesses dos seus munícipes. Pedimos ao Governo que não falhe na sua parte e que, como se prevê, o novo hospital seja realidade em 2024 e que não se esqueçam que os nossos centros de saúde precisam de mais profissionais e técnicos. A população agradece.

Valter Januário,
Presidente de Junta de Freguesia de Algueirão–Mem Martins