José do Nascimento | “A Pandemia e o Respeito”

Já que o vírus não respeitou nada nem ninguém, viram-se a maior parte dos portugueses a respeitar as regras que pandemia obrigou, confinamentos, higienização, etiqueta respiratória, distância social, aderência à vacinação assim que ela chegou, etc. e a maioria o terão feito por consciência da necessidade de haver esse respeito, alguns tê-lo-ão feito por medo, mas levou ao mesmo fim.

No meio desta adesão quase maciça, apareceram os negacionistas e os inconscientes, felizmente uma minoria. Deveremos ter sido um excelente exemplo para o resto da Europa, contrariando a ideia da incivilidade dos povos do Sul.

Nas últimas férias de Verão, tive como vizinhos um casal, ele francês e ela finlandesa, se o cidadão gaulês teceu loas ao nosso modo de lidar com a pandemia, a nórdica ao comparar-nos com os seus conterrâneos, pôs-nos nos píncaros da Lua.

O desenvolvimento positivo no combate à doença, tem levado a sucessivos alívios às restrições e hoje os restaurantes retomaram as lotações de antes da pandemia e o público regressou aos espectáculos e eventos desportivos, mas onde parece que as restrições continuam intactas, é nos serviços públicos, isto a julgar pelas filas que são visíveis no exterior da Repartição de Finanças de Sintra, seja o Sol inclemente ou a chuva impiedosa. Nos vizinhos SMAS de Sintra, por vezes deparo com o mesmo cenário. Julgo que perguntar não ofende:

Com as ainda necessárias cautelas, não estará na altura de os serviços, tanto dependentes do poder central, com os dependentes do poder local, tornarem mais digno o atendimento a quem os sustenta, os contribuintes e os consumidores?

Já que aqui já se mencionou os SMAS de Sintra, com esta instituição continuo esta crónica num tema que tem a ver, não com a pandemia, mas com o respeito.

Para a reparação, manutenção ou substituição de estruturas subterrâneas, como condutas de água ou esgotos, é inevitável abrir buracos nos pavimentos da via pública ou passeios pedonais, foi isso que aconteceu na Portela de Sintra. Feita a intervenção, taparam-se os buracos com terra e assim ficaram! Todas as obras na via pública são incómodas, mas compreensíveis, não é compreensível o prolongamento desse incómodo, não é compreensível que nos dias de chuva os transeuntes sejam obrigados a levar lama para dentro de casa ou para dentro dos seus carros, não é compreensível tanto tempo para se reparar o que foi necessário danificar! O que será preciso fazer para que uma obra comece e acabe sem interrupções?

Os SMAS são céleres a actuar perante os consumidores que não cumprem atempadamente os seus deveres, mas nada céleres a cumprir o seu próprio dever.

Porque por princípio este tipo de obras visa a melhoria do serviço, as populações afectadas respeitaram as obras, o dono da obra não está a respeitar as populações.

José do Nascimento