O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou hoje aos líderes mundiais para salvarem a humanidade das alterações climáticas, alertando que se está “a cavar a nossa própria sepultura” e que é tempo de dizer “basta”.

O Acordo de Paris foi assinado há seis anos, seis anos que são também os mais quentes desde que há registo. Foi com esta ideia que o secretário-geral da ONU, António Guterres, iniciou a sua intervenção na Conferência do Clima sobre Alterações Climáticas – COP26 – que começou este domingo em Glasgow, no Reino Unido.

“É hora de dizer basta. Basta de brutalizar a biodiversidade, basta de matarmo-nos a nós mesmos com carbono, basta de tratar a natureza como uma latrina (…) e de cavar a nossa própria sepultura”, afirmou o dirigente português.

António Costa, Secretário Geral das Nações Unidas | Fotografia: ONU/Evan Schneider

António Guterres sublinhou que o planeta está “a mudar diante dos nossos olhos desde as profundezas dos oceanos até ao cume das montanhas, dos glaciares que se derretem aos impiedosos eventos climáticos extremos”.

“A ciência é clara. Sabemos o que é necessário fazer. Primeiro, temos de manter viva a meta de 1,5 grau. Isto requer mais ambição na mitigação e ação imediata para reduzir a emissões em 45 por cento até 2030”.

Face à continuação da exploração dos recursos do planeta além do limite suportável, o secretário-geral da ONU pediu a alternativa de “salvar o futuro e salvar a humanidade” e “manter vivo o objetivo” do aumento da temperatura de 1,5 graus e de redução das emissões em 45 por cento, embora, avisou, ainda se esteja longe disso.

António Guterres pediu o fim do “vício em combustíveis fósseis, que está a levar” o clima “ao limite”, e que, apesar de recentes anúncios até podem dar a impressão de que a humanidade “está a dar a volta por cima”, “isso é uma ilusão”, apontando que, na verdade, o planeta deverá aquecer 2,7 graus até ao fim do século.

“Embora as promessas recentes sejam reais e verosímeis e haja sérias dúvidas sobre algumas delas, ainda estamos a caminho de uma catástrofe. No melhor cenário, as temperaturas subirão bem acima de dois graus”, acrescentou.

Fotografia: ONU/Evan Schneider