Placa evocativa da vida e obra do poeta Jorge Telles de Menezes

Vereador Pedro Ventura (CDU) recomendou que a autarquia de Sintra "coloque no Parque da Liberdade uma placa evocativa da vida e obra do poeta Jorge Telles de Menezes", falecido recentemente

Pedro Ventura, vereador da CDU, apresentou em reunião de Executivo da Câmara de Sintra, realizada esta quarta-feira, uma recomendação considerando a “evocação da obra e memória de Jorge Telles de Menezes”, jornalista, poeta e tradutor, falecido a 27 de agosto de 2018, no Hospital Pulido Valente em Lisboa.
O autarca comunista, recomendou que a autarquia de Sintra “coloque no Parque da Liberdade uma placa evocativa da vida e obra do poeta Jorge Telles de Menezes”.

Recomendação

Colocação de placa evocativa da vida e obra do poeta Jorge Telles de Menezes

Jorge Telles de Menezes nasceu no Porto dia 22 de Agosto de 1951. Poeta, jornalista, tradutor, cultor da palavra recitada e musicada e dramaturgo, viajou fisicamente por diversos países de Africa à Europa, mas foi em Sintra que nos meados dos anos 80 do século XX se fixou e inspirou, tornando-se numa figura incontornável da cultura sintrense.

No campo da sua obra literária, destaca-se na autoria dos livros: ”Numa Cidade Estranha” (1983)”, “Selenographia in Cynthia” (2003), “ Novelos de Sintra” (2010), “Suma Uma” (2015), “Cintra-Babel (2016) e Elegias de Sintra (2018), onde as múltiplas referências a Sintra são uma evidência, não só na perspectiva mística, romântica, lunar, mas igualmente na crítica e na visão alternativa, num manifesto de liberdade e de encontro entre cultura e a oportunidade oferecida pela multiplicidade. Participa e escreve também para algumas revistas literárias, nomeadamente a “Revista  Nova Águia”, onde assina sob o pseudónimo George Till.

Na qualidade de jornalista, actividade que exerceu na juventude, foi director do Jornal de Sintra e fundador da Revista Cultural em plataforma digital “Selene”.

Como tradutor, pois o poeta existente em si exigia uma profissão directamente relacionada com a escrita, trabalhou com inúmeros títulos de autores como: Arthur Miller, William Faulkner, Rainer Maria Rilke, Martin HeideggerMestre Eckhart, entre outros.

Jorge Telles de Menezes foi um divulgador da poesia recitada em múltiplos espaços em Sintra e nas formas mais díspares, sendo fundador e animador de tertúlias literárias, como os Meninos D’Avó (2004) que se mantem activa e com periocidade regular até aos dias de hoje. Procurando por diversas ocasiões a associação da palavra escrita e dita com a música, recorda-se a sua colaboração em espectáculos experimentais com o Grupo “SinTonicLab” nas suas “Pantónicas”.

Na dramaturgia trabalhou com algumas das companhias de Teatro do Concelho de Sintra, destaca-se a sua parceria mais frequente com o Teatro Tapafuros, com os trabalhos “Selenographia in Cynthia”, “Almoinhas – Sentidos Caminhos”, “Peregrinação”, entre outras colaborações pontuais e de incentivo.

O Poeta deixou um vasto espólio, a sua biblioteca onde constam os livros traduzidos e documentos escritos não editados que deverão ser catalogados e reservados num espaço com exposição aberta a investigadores, leitores e ao público em geral.

Na participação e intervenção cívica, na defesa de direitos e pela conquista da liberdade, regista-se o episódio de que no dia 24 de Abril de 1974 sai de casa de um amigo em Sintra com dois antifascistas e lutadores pela independência de Angola para os fazer chegar em segurança à fronteira com Espanha.

Jorge Telles de Menezes esteve presente em todos os movimentos de vanguarda e de inovação estética na actividade cultural com base em Sintra nas últimas décadas, ainda que por vezes de forma bastante discreta, mas sempre inspirado e inspirador.

Jorge Telles de Menezes faleceu no Hospital Pulido Valente em Lisboa, no dia 27 de Agosto de 2018.

Considerando o anteriormente exposto e na evocação da obra e memória de Jorge Telles de Menezes, o Vereador da CDU Pedro Ventura recomenda que a Câmara Municipal de Sintra coloque no Parque da Liberdade uma placa evocativa da vida e obra do poeta Jorge Telles de Menezes.

 

Fotografia: DR SINTRA SUBTERRÂNEA – CES Círculo de Estudos de Sintra