O antigo secretário-geral do CDS-PP José Lino Ramos propõe numa moção de estratégia global ao Congresso centrista a eleição direta da liderança, bem como a escolha pelas estruturas locais dos candidatos autárquicos e dos deputados.
“É chegado o momento de se encontrar um modelo de participação direta dos militantes nas escolhas dos seus representantes nos vários órgãos políticos, de os militantes das estruturas locais escolherem diretamente os seus candidatos às autarquias, ao parlamento e aos vários níveis de representação política”, defende Lino Ramos.
Na moção “O CDS somos todos nós” ao 27.º Congresso centrista, que se realiza em 10 e 11 de março, em Lamego, o antigo secretário-geral defende que “é chegado o momento de a liderança e estratégia política que lhe está subjacente ser objeto de um amplo debate que envolva todos, mesmo os simpatizantes”, sendo “depois sufragada pelo voto universal e direto de todos os militantes”.
“foi importante Assunção Cristas ter ouvido o partido durante a sua candidatura à presidência”, (…) mas “agora é importante evoluir”
A eleição direta da liderança é uma proposta igualmente feita por Pedro Borges de Lemos na sua moção de estratégia global, enquanto Miguel Mattos Chaves defende a constituição no partido de um “governo sombra” com “porta-vozes sectoriais/ministeriais para cada pasta da governação”.
Na moção “O CDS somos todos nós”, Lino Ramos sublinha que a liderança de Assunção Cristas não está em causa.
“Este 27.º Congresso não se destina a definir uma liderança. O CDS tem uma presidente incontestada, uma liderança renovada com capacidade de adaptação aos desafios de hoje, sem fantasmas do passado, positiva, que ninguém disputa”, lê-se no texto a submeter à reunião magna centrista.
Lino Ramos considera que “foi importante Assunção Cristas ter ouvido o partido durante a sua candidatura à presidência”, processo que “envolveu os militantes”, mas argumenta que “agora é importante evoluir”.
“Um congresso eletivo é sempre mais mediático, mas será que é mais agregador e mobilizador de todos os militantes? Não deveria, pelo menos a estratégia, ser objeto de um debate global e de uma votação aberta a todos os militantes, num processo inclusivo, participativo e democraticamente alargado?”, questiona.
O advogado e militante da concelhia de Lisboa, Pedro Borges de Lemos defende, por outro lado, que é “imperioso e urgente, implementar-se estatutariamente a eleição do presidente do partido em eleições diretas, método inequivocamente mais democrático e sempre isento de intervenções eventualmente menos claras e menos percetíveis, que possam existir acidentalmente nos congressos”.
Borges de Lemos propõe também que, na construção das listas para as eleições legislativas, a Juventude Popular e Federação dos Trabalhadores Democratas-Cristãos, indiquem “um candidato que figurará na lista em lugar previsivelmente elegível”.
Na moção, Borges de Lemos defende ainda “um limite de mandatos para qualquer cargo eleitoral” e o fim da “possibilidade de se poder acumular um mandato como deputado com um cargo executivo local”.
A recusa da eutanásia e de referendo a esta prática é outra das ideias expressas na moção, com o argumento que “a vida não se referenda, a vida defende-se intransigentemente”.
Miguel Mattos Chaves apresenta uma moção designada “Um serviço a Portugal” na qual propõe que o CDS-PP construa um “governo sombra” com “porta-vozes sectoriais/ministeriais para cada pasta da governação, que criticarão o governante da área ou apresentarão propostas alternativas aos portugueses”.
“Estou farto de ver o meu partido como ‘muleta’ inútil do PSD, cuja prática e ideologia nada tem a ver connosco. Recuperemos o CDS como o partido dos contribuintes, dos cidadãos; recuperemos o CDS como o partido defensor dos reformados, dos agricultores e dos pescadores”, proclama Mattos Chaves.
O prazo para a entrega de moções ao Congresso do CDS termina às 00h00 desta sexta-feira.