Pedro Ventura, vereador da CDU na Câmara de Sintra

A CDU defendeu, esta terça-feira, que o novo Hospital público de Proximidade de Sintra só vai ser construído devido a interesses de privados. Fonte da autarquia sintrense considerou que a posição da CDU é “patética e revela bem a incapacidade que esta força política demonstra em Sintra na resolução concreta dos problemas das pessoas”.

Sobre o acordo que permitiu assegurar a construção do novo Hospital público de Proximidade Sintra, a estrutura local da CDU considerou que, não “dá resposta às necessidades de Sintra; não é o Hospital proposto pelo PCP e aprovado na Assembleia da República; não é o Hospital que há demasiado tempo a população de Sintra reivindica sem que tenha da parte dos poderes públicos uma resposta”. A CDU considera depois que a “verdadeira razão de existir se tornou esta semana mais clara”. A razão, no entender da CDU, é o anúncio público por parte da Câmara Municipal de Sintra e do Grupo Mello Saúde da “construção de um Hospital da CUF em Sintra, arquitetado nas costas da população de Sintra, escassos dias após a aprovação do acordo da construção do “mini-hospital” público”.

A CDU defende que tudo fez parte de um plano da Câmara de Sintra e do Governo, “uma solução mista para Sintra: um pequeno hospital público e um hospital privado. O segundo só pode existir, pelas insuficiências que o primeiro apresenta: na unidade pública, a população de Sintra não encontrará resposta na área de pediatria, para além de outras, mas terá à sua disposição (desde que pague) o hospital privado, que terá esta especialidade”.

Fonte da Câmara Municipal de Sintra revelou ao SINTRA NOTÍCIAS que a posição da CDU Sintra faz parte da “normalidade da estrutura local”. “Enquanto em Almada o presidente da Câmara da CDU inaugura a unidade hospitalar do Grupo Mello Saúde, em Sintra, a mesma força política está contra a instalação do mesmo equipamento de saúde que cria 345 postos de trabalho diretos e significa para a economia do concelho 30 milhões de investimento”, sublinha.

Sobre a acusação de que, o novo Hospital público de Proximidade de Sintra é uma forma de viabilizar o investimento privado, a mesma fonte afirma que é uma acusação “patética e revela bem a incapacidade desta força política em Sintra na resolução concreta dos problemas das pessoas”. “O Grupo Mello estará certamente satisfeito com a CDU, porque esta força política elogia o hospital privado e desvalorizar o novo hospital público de Sintra, um investimento de 52 milhões de dinheiros públicos, que prevê mais de 200 mil consultas, 5 mil e 500 cirurgias e 60 mil urgências só no primeiro ano de funcionamento”, sublinha.

“A CDU devia interrogar-se sobre os últimos vinte anos. Durante esse período nada aconteceu, nem hospital privado, nem hospital público. Sintra está finalmente a construir o seu futuro, a CDU pode continuar a protestar, mas depois alguém tem resolver os problemas concretos das pessoas”, considerou a mesma fonte.

 

Nota da Coordenadora Concelhia de Sintra da CDU:

“Hospital de proximidade em Sintra não é solução e abriu caminho a um hospital privado do Grupo CUF”

“A CDU foi, ao longo dos anos, no concelho de Sintra, a força política que mais se bateu, ao lado das populações, pela construção de um hospital público, denunciando os graves problemas que existiam e se agravam no Hospital Amadora-Sintra, ou nos diversos centros de saúde do concelho que foram ao longo dos anos abandonados pelo Ministério da Saúde.

O PCP voltou a insistir nesta matéria, tendo em 15 de Dezembro de 2016 apresentado o projecto de resolução n.º 574/XIII/2.ª na Assembleia da República “Pela construção urgente de um hospital público no concelho de Sintra e em defesa da melhoria dos cuidados de saúde”. Este projecto foi levado à votação no passado dia 30 de Junho, tendo sido aprovado por maioria, com a abstenção do PS e PSD, os mesmos que há mais de duas décadas, na Câmara de Sintra ou no governo, vêm prometendo um Hospital Público que nunca chegou. Fica assim claro que o modelo que defendem é o das parcerias público-privadas.

Entretanto, o PS, na Câmara e no Governo, aprova um acordo entre o município e os Ministérios da Economia e da Saúde, que só contou com o voto contra da CDU. O que este acordo prevê construir não é um Hospital Público que dê resposta às necessidades de Sintra; não é o Hospital proposto pelo PCP e aprovado na Assembleia da República; não é o Hospital que há demasiado tempo a população de Sintra reivindica sem que tenha da parte dos poderes públicos uma resposta.

Este acordo prevê que a Câmara Municipal de Sintra venha a pagar 30 milhões de euros dos seus fundos próprios por uma unidade com 60 camas, sem internamento, sem a especialidade de obstetrícia e maternidade, e cuja verdadeira razão de existir se tornou esta semana mais clara.

Tornou-se mais clara com o anúncio público por parte da CMS e do Grupo Mello Saúde da construção de um Hospital da CUF em Sintra, arquitectado nas costas da população de Sintra, escassos dias após a aprovação do acordo da construção do “mini-hospital” público.

A Câmara Municipal e o Governo usam os mais diversos argumentos: mais vale este hospital público do que nenhum, o Estado já gasta com a saúde muito para além das suas capacidades, o País gasta mais do que a generalidade dos países da União Europeia. Os números não enganam e como diz o povo, “ a mentira tem perna curta”.

Portugal, é dos países que tem o menor investimento público per capita da UE em saúde – 16º lugar entre 23 países avaliados – enquanto as famílias portuguesas são das que mais pagam directamente dos seus bolsos as despesas com a saúde, 1.324 Euros de acordo com o último Inquérito às despesas familiares elaborado pelo INE. Só em 2015 o Estado transferiu mais de 4000 milhões de Euros para os grupos privados da saúde, números que se mantêm no essencial para 2017.

Foi cozinhada, com a conivência da Câmara Municipal e do Ministério da Saúde, e nas costas da população, uma solução mista para Sintra: um pequeno hospital público e um hospital privado. O segundo só pode existir, pelas insuficiências que o primeiro apresenta: na unidade pública, a população de Sintra não encontrará resposta na área de pediatria, para além de outras, mas terá à sua disposição (desde que pague) o hospital privado, que terá esta especialidade. Assim, se percebe o que foi hoje confirmado por Salvador de Mello quando afirmou que o hospital CUF Sintra “em velocidade de cruzeiro deverá gerar um volume de negócios de 35 milhões de euros” (fonte Lusa).

Tal como a CDU sempre alertou e veio agora a confirmar-se, a falta de uma unidade de saúde capaz de satisfazer as necessidades actualmente existentes, conduz à implantação de privados, numa lógica puramente de negócio. Transformando o direito universal à saúde num direito à saúde para os que a podem pagar.

Fica claro que o PS, PSD, CDS, Sintrenses com Marco Almeida e Bloco de Esquerda em Sintra se contentam com um pequeno Hospital, preferindo gastar 30 milhões do dinheiro da população de Sintra, assumindo uma responsabilidade do Governo, e garantindo 35 milhões de euros ao Grupo Mello Saúde.

A luta pelo direito à saúde em Sintra vai continuar, a população de Sintra e a CDU não abandonam essa luta.”

A Coordenadora Concelhia de Sintra da CDU