Rui Monteiro | “Ausência de memória”

Opinião

A forma como se anunciou a morte de Marcelino da Mata tem que merecer uma reflexão profunda sobre a forma como a extrema direita ocupou fortes posições na nossa comunicação social e como urge debater na opinião pública a guerra colonial.

Só com uma ausência de memória coletiva do que foi a Guerra Colonial e que interesses serviu é possível ler as notícias elogiosas que surgiram acerca de um criminoso de guerra, como Vasco Lourenço o caraterizou.

Escrever que foi o mais condecorado militar português sem dizer que essas condecorações foram todas obtidas durante a guerra colonial e que algumas delas correspondem a operações militares onde foram chacinados velhos, mulheres e crianças só é possível porque deixámos de ter informação credível, nuns casos por ignorância, noutros por objetivo ideológico.

A manipulação informativa é neste momento uma constante que importa combater como antes se combateu a ditadura fascista, com a mesma certeza que este nunca será o caminho.

Para além disto parece-me natural que Marcelo Caetano tenha estado no funeral. Se fosse um presidente eleito em democracia chamado Marcelo Rebelo de Sousa é que teria sido grave.

Infelizmente parece que estamos de volta a 1973.


Rui Monteiro