Hugo Saraiva | Feliz Dia da Rádio

Dia da rádio

Dia Mundial da Rádio. Desde que me lembro, portanto desde muito novo, tenho uma especial atração por tudo o que está relacionado com o som, tecnologia e comunicação.

O meu avô materno, eletrotécnico de profissão, tinha vários tipos de gravadores de fita magnética: Bobines, cartucheiras e cassetes. Com cerca de 8 anos de idade já tinha aprendido com esse grande mestre a cortar fitas adequadamente, colar e manusear todos estes equipamentos onde simulava emissões de rádio e outras aventuras sonoras. Cresci a ver e aprender também com a sua atividade de radioamador, tive um aparelho de banda de cidadão e a devida licença do ICP.

Em Lourel, com 12 e 13 anos construí um emissor de FM (pois adorava e adoro eletrónica) e diverti-me a valer com a “R.L. – Rádio de Lourel”, que alegremente os meus amigos escutavam as emissões.

Os spots, IDs e sinais horários, que fiz para esta rádio de fraca potência, valeram a audição pelo Jorge Tavares e a equipa da Rádio Ocidente que ficaram impressionados com a criatividade dos elementos de produção sonora feitos com recurso a uma engenhoca caseira multipista por mim inventada, utilizando um velho gravador e a uma cabeça de gravação magnética.

Há 29 anos, tinha eu 14, lembro-me que em junho de 1992 essa cassete e essas aptidões valeram-me a entrada para a equipa da Ocidente onde aprendi a fazer controlo de régie, um trabalho executado aos sábados e domingos. Um mês e meio depois fui lançado “às feras” para fazer os “Sons do Rádio” do Pedro Miguel Duarte que, entretanto, tinha entrado de férias, um tempo mais tarde acabei por dar continuidade ao “Relações Públicas” um excelente programa realizado pelo Pedro Alves.

Após a boa adaptação, realizei o “Rotas Atlânticas”. Depois vieram os finais das manhãs, as tardes, os discos pedidos, os finais de dia, durante um tempo as manhãs e as tardes desportivas. Cheguei a fazer o “Café da Noite quando o Paulo Oliveira foi para a Rádio Cidade. No fundo fiz um pouco de tudo até no desporto e informação. Fui responsável técnico da emissora e de imagem sonora, em sucessão a outro grande profissional que é o Rui Campos quando saiu para abraçar novos desafios.

“Se eu pudesse voltar de novo a sonhar, faria o mesmo, podem crer”, Hugo Saraiva / Dia da Rádio | Foto: Rádio Ocidente – arquivo

(…) “Sou grato pelas oportunidades, pelos ensinamentos e pelas opções mais e menos acertadas”

Depois, abracei simultaneamente o projeto dos Novos Parodiantes nas áreas da locução, técnica, sonoplastia e tecnológica, trabalhei em produção sonora para agências, rádios e empresas tecnológicas. Integrei a equipa da R.C. Mafra na emissão e imagem sonora /sonoplastia durante mais 10 anos.

Hoje, continuo ligado à Rádio de um modo diferente. Continuo ligado ao som, à multimédia e à tecnologia. Enveredei em simultâneo pelo mundo das Tecnologias da Informação e Comunicação.

Há uns tempos apresentava-me um antigo colega. “A Ocidente foi uma boa escola, temos colegas em rádios nacionais e não entendo este rapaz, não está em nenhuma dessas.”

Um dia quem sabe!

Como canta o Tony Carreira, “Se eu pudesse voltar de novo a sonhar”, faria o mesmo, podem crer!

Talvez com algumas opções diferentes, mas sou grato, grato pelas oportunidades, pelos ensinamentos e pelas opções mais e menos acertadas, que constroem a nossa personalidade e experiência humana.

Já dizia o poema de António Gedeão interpretado por Manuel Freire:
“Eles não sabem, nem sonham
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que um homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos de uma criança.”

Feliz dia da Rádio!


Hugo Saraiva