Luís Miguel Baptista | Bombeiros têm de agir de modo proporcional à sua importância

O Presidente da Câmara Municipal de Sintra (CMS), Basílio Horta, anunciou, recentemente, em Agualva-Cacém, durante as comemorações do 86.º aniversário dos Bombeiros locais, um avultado investimento no domínio dos Bombeiros e, por consequência, na Protecção Civil, que atingirá os 2 milhões de euros.

Resultante de um financiamento tripartido que envolve a sociedade Parques de Sintra-Monte da Lua, a CMS e a fundação Cultursintra, o investimento em apreço deverá ser interiorizado pelas nove Associações e Corpos de Bombeiros do concelho como um desafio a redobrado sentido de responsabilidade.

Na verdade, torna-se indispensável que estejamos todos à altura das circunstâncias, sabendo reconhecer que a aplicação de tão avultada soma no sector dos Bombeiros consubstancia uma atitude de confiança.

A segurança das vidas e haveres das populações, o mais importante de tudo, exige que os Bombeiros caminhem ao lado do Município, na máxima cooperação.

Proteger e socorrer é função dos vulgarmente designados “soldados da paz”. Se já o fazem bem, importa que o façam ainda melhor, em nome da sua afirmação como principal braço armado da Protecção Civil Municipal.

Os actuais padrões de vida, decorrentes de um sistema social em permanente mutação, implicam que sejamos flexíveis à introdução de novos paradigmas tendentes a elevar a condição do Bombeiro como um agente cada vez mais dotado de qualificação, referenciado pelo seu altruísmo e pela sua prontidão.

A sobrevivência futura do Associativismo implica, entre outros factores, uma relação estável com o Município e as Freguesias, na base do estabelecimento de parcerias sólidas e consequentes, nomeadamente, em matéria de contratualização de serviços e no plano da consciencialização pública, educando para o risco.

Mantermo-nos eternamente focalizados no conceito da subsidariedade, como solução de remedeio para os problemas de gestão do dia-a-dia, é redutor e desprestigiante.

Os Bombeiros têm de agir de modo proporcional à sua importância, por exemplo, cooperando e dinamizando, em estreita ligação com as Juntas de Freguesia, a instalação das Unidades Locais de Protecção Civil, previstas na lei. Que melhor parceiro existe para o fazer, com verdadeiro conhecimento de causa?

Mudemos e ajudemos a mudar. Vejamos em cada apoio recebido uma oportunidade de melhoria dos serviços das Associações e dos seus Corpos de Bombeiros. Aliás, a este respeito, permito-me recordar a passagem de um artigo que subscrevi, publicado em 2005, na então revista “Sintra Regional”, que aqui cito como incentivo à reflexão:

“Porque são as câmaras municipais as entidades que vêm dando mostras de maior sensibilidade no apoio à protecção e socorro, devia-lhes ser conferida a responsabilidade legal de exercer, em exclusivo, o apoio financeiro e em equipamento, conjugado com a função de coordenação e fiscalização das actividades dos corpos de bombeiros. Isto mediante a afectação de verbas provenientes do Orçamento Geral do Estado, em obediência a uma política criteriosa, consentânea com a tipificação das características e dos factores de risco de cada concelho.”

Muitos são os desafios que se colocam aos Bombeiros em geral, pelo que Sintra não é excepção.

O tempo deve ser de convergência de ideias que potenciem melhor organização, maior rentabilização de meios e justo investimento camarário, tanto na área do serviço de incêndios como do serviço de saúde.

Que assim seja, pela eficiência do sistema de protecção e socorro. Por Sintra, por todos!

 

Luís Miguel Baptista

Ex-Presidente da Direcção da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Agualva-Cacém; Presidente do Conselho de Administração Executivo da REVIVER MAIS – Associação dos Operacionais e Dirigentes dos Bombeiros Portugueses, IPSS