Marco Almeida defende que Maria Leonor Cunha, proprietária da Casa Piriquita que morreu esta segunda-feira, merece uma “justa homenagem” e já lançou esse apelo ao Presidente da Câmara Municipal de Sintra e da União de Freguesias de Sintra.

“Mulher sintrense, empreendedora e acarinhada por todos aqueles que a visitavam na Piriquita ou na sua residência, ambas na rua das Padarias, na vila de Sintra”, escreve o ex-vereador da Câmara Municipal de Sintra na rede social Facebook.

Marco Almeida considera que o seu percurso de vida devia ser “perpetuado com atribuição do seu nome ao local onde sempre viveu e trabalhou, dignificando o nosso concelho, nacional e internacionalmente através da sua reconhecida doçaria”.

Maria Leonor Cunha morreu esta segunda-feira, dia 17 de abril. Tinha 92 anos.

Maria Leonor Cunha

“Nascida a 23 de dezembro de 1931, Maria Leonor Cunha, estava longe de imaginar o que o futuro lhe reservaria. A mais velha de quatro irmãos (Maria Helena, Maria Teresa e João Filipe) e originária de São Pedro de Penaferrim, aos nove anos de idade começou por distribuir, localmente, leite das vacas criadas pelos seus pais. Um ano mais tarde, vê-se obrigada a deixar a escola, completando o quarto ano de escolaridade, com o objetivo de ajudar a família, dedicando-se à costura.

Em 1945, quando tinha apenas catorze anos, testemunha um acontecimento que marcou para sempre a sua vida – a morte da sua irmã, Maria Helena, vítima de tuberculose, com apenas treze anos de idade. 

Alguns anos depois, conhece aquele que se iria tornar o companheiro de quase meio século, o pai dos seus dois filhos e o seu único amor: António Manuel dos Santos Cunha, neto da “Piriquita”, Constância Luísa Cunha, a quem se deve o nome da conceituada pastelaria.

Antes de casar, Leonor Cunha, começou por aprender a arte da pastelaria com a sua sogra, Constança Luísa dos Santos Cunha, a detentora do segredo que está por detrás da receita dos Travesseiros da Casa Piriquita.

Após o falecimento da sua sogra, Maria Leonor Cunha, torna-se o pulmão da Casa Piriquita. Trabalhava arduamente, sendo muitas vezes a primeira a chegar, e a última a sair. Confecionava de forma dedicada e exímia todas as iguarias, sem exceção, sendo a principal responsável pela manutenção da qualidade da doçaria – “Temos que manter a qualidade pois, caso contrário, ninguém quer cá vir” – frase que por inúmeras vezes afirmava.

Gulosa por natureza (a cada refeição degustava, pelo menos, um bolo da sua pastelaria) e apesar da sua marcada personalidade, era amada por todos os colaboradores e, reconhecida como um ícone local, uma “mulher de armas” e a Matriarca da família Cunha. 

Trabalhou até Setembro de 2016, porém a sua saúde deixou de a permitir fazer aquilo que, realmente, amava: a arte da pastelaria e fazer sorrir o próximo com as delícias que confecionava. No alto dos seus atuais 90 anos, mais protegida e resguardada do que nunca, continua a ser um marco na história desta Casa.

Imagem: @ Casa Piriquita