Morreu, Maria Leonor Cunha, da Casa Piriquita, em Sintra

“Hoje perdemos um marco da história desta Casa, uma “mulher de armas” e a Matriarca da família Cunha e da Casa Piriquita, a nossa Maria Leonor Cunha”, anunciou esta noite a família a morte de Maria Leonor Cunha, nascida a 23 de dezembro de 1931.

“Leva um pouco de todos nós e deixa-nos o segredo mais bem guardado desta família”, pode ler-se na página de facebook, da Casa Piriquita, no Centro Histórico da Vila de Sintra, que vai estar encerrada nos próximos dias.

“Agradecemos o carinho e a compreensão de todos nesta fase difícil”, informa a pastelaria, acrescentando que “não é ao acaso que Leonor rima com amor!” pode ler-se.

Maria Leonor Cunha

“Nascida a 23 de dezembro de 1931, Maria Leonor Cunha, estava longe de imaginar o que o futuro lhe reservaria. A mais velha de quatro irmãos (Maria Helena, Maria Teresa e João Filipe) e originária de São Pedro de Penaferrim, aos nove anos de idade começou por distribuir, localmente, leite das vacas criadas pelos seus pais. Um ano mais tarde, vê-se obrigada a deixar a escola, completando o quarto ano de escolaridade, com o objetivo de ajudar a família, dedicando-se à costura.

Em 1945, quando tinha apenas catorze anos, testemunha um acontecimento que marcou para sempre a sua vida – a morte da sua irmã, Maria Helena, vítima de tuberculose, com apenas treze anos de idade. 

Alguns anos depois, conhece aquele que se iria tornar o companheiro de quase meio século, o pai dos seus dois filhos e o seu único amor: António Manuel dos Santos Cunha, neto da “Piriquita”, Constância Luísa Cunha, a quem se deve o nome da conceituada pastelaria.

Antes de casar, Leonor Cunha, começou por aprender a arte da pastelaria com a sua sogra, Constança Luísa dos Santos Cunha, a detentora do segredo que está por detrás da receita dos Travesseiros da Casa Piriquita.

Após o falecimento da sua sogra, Maria Leonor Cunha, torna-se o pulmão da Casa Piriquita. Trabalhava arduamente, sendo muitas vezes a primeira a chegar, e a última a sair. Confecionava de forma dedicada e exímia todas as iguarias, sem exceção, sendo a principal responsável pela manutenção da qualidade da doçaria – “Temos que manter a qualidade pois, caso contrário, ninguém quer cá vir” – frase que por inúmeras vezes afirmava.

Gulosa por natureza (a cada refeição degustava, pelo menos, um bolo da sua pastelaria) e apesar da sua marcada personalidade, era amada por todos os colaboradores e, reconhecida como um ícone local, uma “mulher de armas” e a Matriarca da família Cunha. 

Trabalhou até Setembro de 2016, porém a sua saúde deixou de a permitir fazer aquilo que, realmente, amava: a arte da pastelaria e fazer sorrir o próximo com as delícias que confecionava. No alto dos seus atuais 90 anos, mais protegida e resguardada do que nunca, continua a ser um marco na história desta Casa.

Maria Leonor Cunha, morreu esta segunda-feira. Tinha 92 anos.

Imagem: @ Casa Piriquita
[em atualização]