Ensemble Alla Bastarda

No segundo fim de semana do ciclo de música ‘Noites de Queluz – Tempestade e Galanterie’ viaja-se até à Bolonha dos séculos XVII e XVIII e traça-se uma perspetiva da música sacra portuguesa dos séculos XVI, XVII e XVIII.

Esta sexta-feira, dia 22 de outubro, o ensemble Alla Bastarda leva-nos numa viagem até Bolonha, em Itália. Lado a lado com Veneza, Roma e Nápoles, esta cidade foi um dos principais centros de criação musical durante a época barroca. “Bolonha veio a ser um importante centro de exploração de géneros como a música sacra, o ‘concerto grosso’, o concerto com solista e a sonata (de igreja ou de câmara), realizando-se ali uma síntese feliz de rigor contrapontístico, brilhantismo do estilo (nomeadamente a escola violinística) e ecletismo das soluções”, descreve o musicólogo Bernardo Mariano.

O concerto do ensemble Alla Bastarda dá ainda destaque a nomes como Bellerofonte Castaldi, Giovanni Ambrogio Lonati ou Giuseppe Jacchini, entre outros compositores que, direta ou indiretamente, estiveram ligados à cidade de Bolonha.

No sábado, dia 23, o ensemble Cupertinos destaca tanto a continuidade, como a renovação da música sacra ‘a cappella’ portuguesa entre os séculos XVI e XVIII. Com a evolução das cerimónias litúrgicas – principalmente nas grandes cidades –, era inevitável que os compositores e mestres de capela fossem também eles elementos de extrema importância no que toca ao desenvolvimento musical do seu tempo. No entanto, esta evolução nunca descurou a tradição: “a par da inovação, o repertório sacro vivo consistia, em grande medida, no aproveitamento, adaptação e/ou inspiração de obras compostas várias décadas (ou mesmo séculos) antes”, explica Luís Toscano, diretor musical dos Cupertinos, que venceram este ano o prémio de Melhor Álbum de Música Clássica/Erudita dos  Play – Prémios da Música Portuguesa e ganharam em 2019 o prestigiado Prémio Gramophone para a melhor gravação do ano de música antiga.

Ensemble Cupertinos

“Este programa põe em relevo distintos matizes da confluência destas aparentemente antagónicas dinâmicas na prática performativa do nosso país, por meio de um alinhamento integralmente presente em fontes manuscritas setecentistas”, acrescenta. Assim, o público poderá escutar composições de Pedro Vaz Rego, João Rodrigues Esteves e Domenico Scarlatti, que esteve vários anos ao serviço da corte portuguesa. Serão ainda assinaladas duas efemérides: o 5º centenário do desaparecimento do grande compositor Josquin des Prez e o (provável) 450º aniversário do nascimento do polifonista português Filipe de Magalhães.

As ‘Noites de Queluz’ integram a sétima Temporada de Música da Parques de Sintra, com direção artística de Massimo Mazzeo e organização conjunta com a Divino Sospiro – Centro de Estudos Musicais Setecentistas de Portugal. Esta tem como objetivo recuperar a memória imaterial dos três palácios nacionais do concelho – Pena, Sintra e Queluz – recriando o ambiente sonoro existente na época em que estes monumentos eram habitados pela Família Real.


PROGRAMA

22 outubro 2021 | 21:30 | Sala da Música
ALLA BASTARDA / Uma noite em Bolonha

A cidade emiliana sofreu sempre ante o brilho do tridente Veneza-Roma-Nápoles, quando se trata de considerar os grandes centros produtores e irradiadores do barroco musical italiano. E, no entanto, ali se gerou o ‘Barroco bolonhês’, com várias gerações de compositores ‘orbitando’ as duas grandes instituições musicais da cidade: a Capela de São Petrónio (criada no século XV), e a Academia Filarmónica de Bolonha, surgida em 1666 e cujo patrono é Santo António. Os dez diferentes autores incluídos no programa prometem resgatar os méritos de Bolonha. (Bernardo Mariano, musicólogo)

23 outubro 2021 | 21:30 | Sala do Trono
CUPERTINOS | Miserere mei Deus: Continuidade e renovação na música sacra portuguesa do século XVIII

Um dos aspectos mais ricos e fascinantes da música sacra na Europa das primeiras décadas do século XVIII decorre da simultaneidade, à primeira vista paradoxal, entre a continuidade e a renovação dos repertórios. Este programa põe em relevo distintos matizes da confluência destas aparentemente antagónicas dinâmicas na prática performativa do nosso país, por meio de um alinhamento integralmente presente em fontes manuscritas setecentistas. A par das composições em stile antico da autoria de Pedro Vaz Rego (1673-1736), Domenico Scarlatti (1685-1757) e João Rodrigues Esteves (c1701-1752), sublinham-se os acrescentos e arranjos de Manuel Soares (m1756) a obras de Manuel Mendes (c1547-1605) e Fernando de Almeida (c1600-1660). São ainda evocadas duas efemérides assinaladas ao longo do ano de 2021: o 5º centenário do desaparecimento de Josquin des Prez (c1450-1521) e o provável 450º aniversário natalício de Filipe de Magalhães. (Cupertinos)

29 outubro 2021 | 21:30 | Sala da Música
MARIE LYS (soprano) • ANDREA BUCCARELLA (cravo) |As cantatas virtuosas de Vivaldi

Figura central da música da 1.ª metade de Setecentos, Antonio Vivaldi deixou uma obra imensa, que só a partir do segundo terço do século XX viria a ser reavaliada. Neste concerto, o prato forte é um dos domínios mais discretos – mas não menos valiosos – da produção vivaldiana: as suas Cantatas para voz solista. Ele será intercalado por duas obras que atestam indirectamente a medida da admiração que Vivaldi granjeava por toda a Europa do tempo: duas transcrições de concertos seus realizadas por Johann Sebastian Bach. (Bernardo Mariano, musicólogo)

30 outubro 2021 | 21:30 | Sala do Trono
MARCO MENCOBONI (cravo) | Toccami l’Anima

O cravo: um instrumento ao qual, desde o século XV, está associada uma literatura inesgotável. Bernardo Pasquini usava até o termo “teclar”, mas “tocar” (toccare) foi desde sempre sinónimo de fazer soar instrumentos musicais de teclas. A alma (anima) constitui uma parte física dos instrumentos de corda e é vital para a produção do seu som. Toccami l’Anima é um programa solístico assente na história do instrumento e desenvolve-se seguindo um fio condutor que vai de um compositor tão antigo como Rocco Rodio até à música de Johann Sebastian Bach, passando pelo génio visionário de Giovanni Maria Trabaci, pela música de Gerolamo Frescobaldi e pela maravilhosa intimidade do seu discípulo Johann Jakob Froberger. (Marco Mencoboni)

31 outubro 2021 | 10:00
MASTERCLASS (1ª sessão) /// MARCO MENCOBONI
O cravo, a voz e a retórica musical na época de ouro do barroco

Repertório para cravo, para canto e para instrumentos na passagem estética e formal entre os séculos XVII e XVIII


01 novembro 2021 | 10:00
MASTERCLASS (2ª sessão) /// MARCO MENCOBONI
O cravo, a voz e a retórica musical na época de ouro do barroco

Repertório para cravo, para canto e para instrumentos na passagem estética e formal entre os séculos XVII e XVIII


05 novembro 2021 | 21:30 | Sala do Trono
FAHMI ALQHAI (viola da gamba) • ROCÍO MARQUEZ (cantaora)
ACCADEMIA DEL PIACERE | Diálogos de Viejos y Nuevos Sones

As músicas de raiz como o flamenco constituem-se como um emergir permanente de novos ramos a partir do tronco das tradições, numa interação constante entre o novo e o antigo. Partindo, cada um deles, do seu próprio ponto de partida desse eterno tronco, Fahmi Alqhai e Rocío Márquez entrelaçam as suas folhas musicais em busca de pontos de intersecção entre os cantores vivos com as suas origens, algumas das quais nos chegaram por via da tradição oral e outras foram descobertas em manuscritos antigos: canções de flamenco que migraram da Andaluzia para o folclore americano e de volta à Andaluzia, mas também chaconas e canárias que cruzaram o Atlântico para se acharem escritas nos primeiros livros de guitarra espanhola do outro lado do oceano, no século XVII; canções em ostinato do grande Monteverdi junto a ancestrais seguiriyas, com a sua roda de acordes – sempre idêntica – provindas daquela mesma Itália do século XVII; e canções de Alosno lado a lado com as cantigas tradicionais catalãs cants del ocells(Accademia del Piacere)


13 novembro 2021 | 21:30 | Sala do Trono
ANA VIEIRA LEITE (soprano) • DIVINO SOSPIRO | Cosmopolitismo do Barroco Português

A chegada de D. João V ao poder, em 1706, foi a ‘pedra de toque’ de uma grande mudança cultural em Portugal, que no caso da música se traduziu num profundo corte com a tradição herdada. O novo gosto musical, promovido pela rainha Maria Ana de Áustria, instituiu os modelos do Barroco italiano então predominantes por toda a Europa, colocando a música portuguesa estilisticamente au pair com as demais nações. Este concerto percorre a era do rei Magnânimo e estende-se pelas duas gerações seguintes de compositores, alcançando assim a fase final do Antigo Regime. (Bernardo Mariano, musicólogo)


MAIS INFORMAÇÕES

Preço do bilhete por concerto: 15€
Bilhetes à venda exclusivamente online em www.parquesdesintra.pt.
>6 anos
Após o início do espetáculo, não é permitida a entrada na sala.
Não será devolvido o valor dos bilhetes por falta de comparência ou atraso.