Morreu Jorge Sampaio: “Sintrense de coração, de alma e de devoção!”

O presidente da República, Jorge Sampaio no Palácio Valências em Sintra, local onde se realiza às sessões da Assembleia Municipal de Sintra, onde foi deputado | Fotografia: José Correia / Jornal A Pena - Rádio Ocidente - arquivo

Jorge Sampaio, que hoje morreu aos 81 anos, foi Presidente da República aos 56, no auge de uma longa vida de intervenção política. Nasceu em Lisboa e cresceu em Sintra, estudou piano e aprendeu inglês por influência da mãe, a quem deve o rigor da educação.

Era visto como um político discreto, paciente e conciliador, mas preferia descrever-se como um homem coerente e persistente, um “aluno atento da vida” que acredita no diálogo para “fazer pontes”.

“Estou triste e profundamente chocado”, foram palavras usadas por Basílio Horta, à morte de Jorge Sampaio, partilhando algumas imagens, em Sintra. “Perdi hoje um Amigo que sempre respeitei e admirei”, pode ler-se na sua página de facebook. “Sintrense de coração, de alma e de devoção!”, sublinha. “É e será sempre seu o grande auditório do nosso Centro Cultural Olga de Cadaval”, refere Basílio Horta, considerando que “Sintra perde um dos seus melhores”. “Não comecei a caminhada em Sintra sem ter a certeza do seu apoio e caminhou sempre ao meu lado”, refere Basílio. “Obrigado querido Amigo”.

São 60 anos de vida pública, com intervenção cívica e política, que o levaram a ocupar vários cargos: deputado, líder do PS, presidente da Câmara de Lisboa e, o pico da sua vida política, Presidente da República, entre 1996 e 2004.

Nas redes sociais são várias as personalidades políticas, figuras públicas, e entidades que prestam ao “ídolo político”, ao “grande amigo”, e ao “pilar da nossa democracia” a última homenagem.

  • “Nasceu para ser um lutador e a causa da sua luta foi a igualdade na liberdade”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa numa comunicação aos jornalistas. ““Lutando, mas serenamente nos deixou, como sereno foi o seu testemunho de vida ao serviço da liberdade e da igualdade; como sereno foi na sua luminosa inteligência, na sua profunda sensibilidade, na sua coragem”, afirmou ainda.
  • Ferro Rodrigues, salientou que a morte de Jorge Sampaio representa a perda de “um amigo de longa data” com quem partilhou uma constante luta pela liberdade e democracia em Portugal. O presidente da Assembleia da República destacou Jorge Sampaio como uma personalidade “imbuída de valores humanistas, de uma visão progressista e de um forte dever cívico”.
  • António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas afirmou hoje que Jorge Sampaio foi uma figura “central” da democracia de Abril, um “incomparável homem de Estado” que deixou uma marca “decisiva” na luta pela paz e no diálogo entre civilizações.
  • Manuel Alegre lamentou hoje “com mágoa” a morte de Jorge Sampaio e enalteceu a “visão de estadista” de uma figura que considerou fulcral na construção do Portugal democrático.
  • Durão Barroso recordou Jorge Sampaio como uma “personalidade realmente empenhada nas causas da democracia”, enviando os pêsames à família do antigo Presidente da República.

Jorge Sampaio

Recorde-se, Jorge Sampaio, estava internado desde dia 27 de agosto no Hospital de Santa Cruz, em Lisboa, com dificuldades respiratórias. Morreu hoje, aos 81 anos.

Sampaio estava no Algarve, mas após sentir dificuldades respiratórias, e “dado o seu historial de doente cardíaco”, foi transferido para Lisboa, disse na altura com fonte do seu gabinete.

Jorge Sampaio, 81 anos, foi Presidente da República durante dois mandatos, entre 1996 e 2006.

Em 1989 foi eleito líder do Partido Socialista e na mesma altura foi eleito presidente da Câmara de Lisboa, tendo sido reeleito em 1993.

Após a passagem pela Presidência da República, foi nomeado em 2006 pelo secretário-geral da Organização das Nações Unidas enviado especial para a Luta contra a Tuberculose e entre 2007 e 2013 foi alto representante da ONU para a Aliança das Civilizações.

Atualmente presidia à Plataforma Global para os Estudantes Sírios, fundada por si em 2013 com o objetivo de contribuir para dar resposta à emergência académica que o conflito na Síria criara, deixando milhares de jovens para trás sem acesso à educação.

Jorge Fernando Branco de Sampaio desempenhou, ao logo da sua vida, os mais altos cargos políticos no país.

Iniciou o seu percurso, ainda estudante, como um dos protagonistas, na Universidade de Lisboa, da crise académica do princípio dos anos 60, que gerou um longo e generalizado movimento de contestação estudantil ao Estado Novo, até ao 25 de Abril de 1974.

Homem de esquerda e advogado de formação, defendeu casos célebres, como a defesa dos réus do assalto ao Quartel de Beja, o caso da `Capela do Rato`, em que foram presas dezenas de pessoas que protestaram contra a guerra colonial

Depois do 25 de Abril de 1974, militou em formações de esquerda, como o MES, onde se cruzou com Ferro Rodrigues, ex-líder do PS atual presidente do parlamento, e só aderiu ao partido fundado por Mário Soares em 1978.

Mais tarde, foi secretário-geral do PS (1989-1992), presidente da Câmara Municipal de Lisboa (1990-1995) e Presidente da República (1996 e 2006).

Sintra Notícias com Lusa
[em atualização]