Oauto de consignação, que inicia oficialmente a construção do Jardim Romântico, a ser edificado num espaço onde esteve uma lixeira, no Vale da Raposa, junto à correnteza, foi assinado esta segunda-feira.

“Trata-se de um parque urbano romântico no coração de Sintra. É um parque que vai ocupar um espaço até aqui reservado a uma lixeira, como aliás tem sido nossa estratégia e temos vindo a fazer na criação de outros parques urbanos”, disse Basílio Horta, presidente da Câmara de Sintra.

Numa altura em que Sintra sente de forma particularmente incisiva os efeitos da pandemia da covid-19, com a ausência de turistas na vila, o autarca considera que erguer este projeto tem ainda mais significado.

“Em tempo de escuridão, fazemos um parque romântico, contemplativo, de lazer, no coração da vila de Sintra. Isso é especial. Será um espaço com uma parte contemplativa, que tem como elementos centrais a água e os poetas que estiveram em Sintra e que a cantaram, e depois uma parte de lazer, com cafetaria, equipamentos de exercício físico e um anfiteatro natural para espetáculos”, revelou o presidente do município.

Jardim contemplativo

O Jardim, que deverá estar pronto para ser visitado no final do primeiro semestre de 2021, terá duas grandes áreas verdes (Jardim Contemplativo/Jardim Dinâmico), que terão algumas infraestruturas de apoio, como uma cafetaria.

O Jardim Contemplativo, na parte superior, terá uma “topografia acidentada e vegetação densa”, com um painel poético e “caminhos serpenteados”, um tanque com jogos de água e uma cafetaria.

Já o Jardim Dinâmico, na parte inferior, terá uma “topografia suave e escassa vegetação” e em destaque uma camélia gigante (amovível) e um anfiteatro.

Ao longo do traçado do jardim existirá poesia descrita no pavimento dos caminhos, nas fachadas de muros e tanques, bem como nas pérgulas e bancos.

Ligação aos Paços do Concelho

O Vale da Raposa integra um sistema de descompressão urbana da vila de Sintra, juntamente com o vale do Rio do Porto, junto à Volta do Duche, na ligação entre os Paços do Concelho e o centro histórico.

O local faz parte das zonas “non aedificandi” estabelecidas no Plano de Urbanização de Sintra (PUS), desenvolvido em 1949 pelo urbanista Etienne de Groer, entretanto registado em 1996, mas onde se pretendeu “impedir qualquer construção, quer para conservar uma coroa verde a um monumento nacional, quer para proteger uma paisagem ou uma bonita vista”.

Na década de 1990 deu entrada na autarquia um projeto para a construção de um silo automóvel, com um centro comercial com várias dezenas de lojas por cima, no Vale da Raposa, mas a contestação de moradores e defensores do património levou ao “chumbo” da proposta.


Sintra Notícias com Lusa