OPalácio Nacional da Pena conta com novos motivos de interesse. As quatro salas do piso nobre do torreão reabriram com um novo projeto expositivo e museológico, que visa recuperar a memória histórica daqueles espaços.

Foram reconstituídos os aposentos do último rei de Portugal, D. Manuel II: escritório e quarto de dormir; dedicou-se uma sala a D. Fernando II, onde se expõe uma seleção de peças ilustrativas dos seus interesses enquanto colecionador e artista amador; e consagrou-se um espaço aos últimos monarcas que habitaram o Palácio: D. Carlos, D. Amélia e D. Manuel II, cujo aniversário de nascimento se comemorou esta domingo.

Trata-se de um património vivo, onde a investigação constante conduz a novas descobertas, que levam à atualização dos conteúdos e dos percursos de visita, tal como exemplifica este projeto.

Estes trabalhos, que incluíram profundas obras de conservação e restauro tanto do património móvel, como do património imóvel, com intervenções nos pavimentos, paredes e tetos, iniciaram-se em 2019 e a sua conclusão estava prevista para o início do verão passado. No entanto, devido à pandemia de Covid-19, foram interrompidos e só agora foi possível terminá-los.

Todos os que pretenderem visitar o Palácio Nacional da Pena, bem como os restantes polos administrados pela Parques de Sintra, devem ter em conta que no no próximo fim de semana [21-22 de novembro], na sequência das medidas extraordinárias decretadas pelo Governo no âmbito do atual estado de emergência, a hora de encerramento ao público será às 13h00 e a última entrada às 12h00.

Os aposentos de D. Manuel II, o último rei de Portugal

No projeto inicial do Palácio da Pena, estas quatro divisões destinavam-se a D. Fernando II e a D. Maria II, mas não chegaram a ser ocupadas pelo casal devido à morte prematura da rainha, acabando por ser adaptadas a quartos de hóspedes. Posteriormente, D. Manuel II instalou nesta ala do Palácio os seus aposentos.

A investigação desenvolvida a partir de inventários e de fotografias da época permitiu reconstituir o escritório e o quarto de dormir, tendo sido reintegrados vários objetos pertencentes às antigas coleções reais (que deram entrada na Pena após a implantação da República, via Palácio das Necessidades, em Lisboa) e diversas peças de mobiliário originais.

Entre estas estão a secretária do rei e o seu leito em pau-santo e pau-rosa, que tinha sido transferido em 1939 para o Palácio Nacional da Ajuda, em cujas reservas permaneceu até ser identificado e restaurado no âmbito deste projeto. Procurou-se deste modo recuperar o ambiente decorativo dos últimos anos da monarquia.

Tesouros artísticos de D. Fernando II

Na divisão que funcionou como quarto do perceptor austríaco de D. Manuel II, evoca-se agora D. Fernando II, o rei responsável pela construção do Palácio da Pena. Pela primeira vez, estão em exposição a espada (sabre) e a banda de uniforme de marechal general com as quais foi retratado pelo pintor francês Joseph Layraud, em 1877.

Nesta sala, apresentam-se também alguns dos tesouros artísticos colecionados pelo monarca, que incluem peças de ourivesaria, como uma salva de aparato em prata dourada datada de 1548, adquirida pela Parques de Sintra; cerâmica; esculturas em marfim e esmaltes de Limoges.

Procura-se desta forma ilustrar a riqueza e diversidade de uma das principais coleções de arte alguma vez reunidas em Portugal. Conhecido por “rei-artista”, D. Fernando II não se limitou a colecionar obras de arte, também foi autor de vários desenhos, gravuras e pinturas sobre cerâmica. O Palácio Nacional da Pena conserva uma parte significativa dessa produção artística, que ficará exposta neste espaço.

O centro de mesa da rainha D. Amélia

A última sala desta ala do Palácio, que serviu de guarda-roupa no tempo de D. Manuel II, foi consagrada aos últimos monarcas que habitaram o palácio: D. Carlos, D. Amélia e D. Manuel II. Destaca-se nesta divisão o imponente centro de mesa em prata oferecido por um grupo de senhoras parisienses à então princesa D. Amélia por ocasião do seu casamento com D. Carlos, em 1886.

Representa uma nau (símbolo da cidade de Paris) suportada por duas sereias alusivas aos rios Sena e Marne e foi legado após a morte da rainha ao Palácio Nacional da Pena, tornando-se numa das peças mais emblemáticas do seu acervo. Foi objeto de uma intervenção de conservação e restauro e está agora exposto numa vitrina, de forma a que todos os seus detalhes possam ser observados pelos visitantes.

Estes trabalhos integram-se no projeto global que vem sendo desenvolvido nos interiores do Palácio Nacional da Pena –  e no qual se incluem intervenções recentes noutras nove divisões: Sala de Visitas, Sala Verde, Sala do Telefone, Quarto do Veador, Quarto da Dama de Companhia, Sala do Chá, Átrio da Sacristia, primeira Sala de Passagem e Sala de Entrada  –  que tem como principal objetivo a reconstituição histórica dos ambientes domésticos que marcaram a vivência da Família Real neste monumento.


Sintra Notícias com PSML
Fotografias: PSML