O Vizela (série A) e o Arouca (série B), os dois clubes que totalizavam mais pontos na altura da suspensão do Campeonato de Portugal, foram indicados neste sábado, pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), para ascender a II Liga. Uma decisão já contestada por vários clubes, como o Real Sport Clube (RSC) segundo classificado na série C.
Aquelas duas equipas lideravam, respectivamente as séries A e B do Campeonato, deixando para trás os líderes das séries C, D e E, para além dos 2ºs classificados de casa série, que, e pelos regulamentos, também disputariam a subida à 2ª Liga Profissional.
De acordo com a FPF, “é manifesta a impossibilidade de utilizar o play-off para indicar os dois clubes com acesso à II Liga”, pelo que “a Direcção da FPF reconhece o mérito desportivo e indicará, de entre os líderes das séries à data em que a prova foi dada por concluída, os dois clubes com maior número de pontos”.
Face à decisão conhecida da Federação Portuguesa de Futebol, não demorou muito para a direcção do clube do concelho de Sintra pedir a demissão de Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
Os clubes em posição de disputar os play-offs pedem a demissão do presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes. Já estar tarde a direcção do Real Sport Clube emitiu um comunicado a “insurgir-se” contra a Federação Portuguesa de Futebol.
Comunicado do Real Sport Clube na íntegra:
“Ao tomarmos conhecimento da decisão da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) sobre o Campeonato de Portugal, a primeira ideia que nos vem à cabeça é a de que mais uma vez fomos enganados. E por quem? Pela FPF.
A verdade é que, o Real Sport Clube e os outros clubes em posição de disputar a subida foram contactados por responsáveis da FPF para estarem preparados para o play-off. Foi o que fizemos, com todos os encargos inerentes à manutenção da equipa.Afinal de contas era tudo uma mentira. Sentimo-nos ludibriados. E por quem? Pela FPF.
Por outro lado, como se pode fundamentar a decisão no reconhecimento do mérito desportivo apenas com base no maior número de pontos, ignorando completamente o mérito desportivo dos outros clubes, de séries mais competitivas, e que regularmente, por direito, deviam ter a possibilidade de disputar a subida? É inadmissível este fundamento. Mas temos mais motivos para a nossa indignação!
Pelo segundo ano consecutivo, o Real Sport Clube vê negado, por uma decisão administrativa, o direito de disputar a subida. Assumimos desde a primeira hora o objetivo de regressar aos campeonatos profissionais, investimos nessa medida, chegamos a um dos lugares com direito a disputar essa possibilidade e acabamos por ser espoliados desse direito. E por quem? Pela FPF.
Durante este tempo, a FPF andou a atirar areia para os olhos dos clubes do CP, lançando um fundo que serviu para calar a maioria. Na realidade, essa maioria já não tinha qualquer interesse em competir, já não tinha nada a ganhar ou a perder. Mas será justo que clubes como o Real SC, que investiram, estejam agora na mesma condição que outros clubes do fundo da tabela? Será justo, clubes que cumprem com os compromissos acabem por estar agora, pela mão da FPF, ao mesmo nível dos incumpridores? Isto é inaceitável!
A verdade desportiva foi mais uma vez metida no bolso. Não venham com o argumento de que tudo aconteceu por uma questão de saúde pública. Trata-se, sim, e a pretexto da saúde pública, de uma questão de interesses e poderes que fazem do futebol o que querem e bem lhes apetece. Perante tudo isto, lamentamos dizer, mas só existe uma saída para o Presidente da Federação.”
Real Sport Clube, dia 2 de maio de 2020