José do Nascimento | Pessoa certa no lugar certo

Opinião

O título desta crónica faz imaginar um cenário praticamente perfeito, mas como é difícil atingir tal estádio, a grande maioria das pessoas vão-se adaptando às tarefas que tem pela frente, porque não tem outro remédio, é o que há.

Estou convencido que a grande maioria das pessoas tem um talento especial, muitas vezes desconhecido do próprio, por vezes só tardiamente encontrado. São aqueles que passaram a vida a desperdiçar energias, nunca se conseguindo agradar a si próprio e quiçá, não agradar aos outros.

Os indivíduos multifacetados conseguem, mais que qualquer outro, encontrar o lugar certo para si… Poderíamos andar por este tema quase infinitamente… Ponho ponto final com uma afirmação, evidentemente que minha e só mim responsabiliza, não há lugar certo para um devoto preguiçoso, a não ser uma espreguiçadeira. Mais fácil de encontrar, é a pessoa errada para o lugar.

É frequente encontrar esta classe de pessoas, muito provavelmente lá postas por pessoas que estão também erradas no lugar. Nos serviços de atendimento público, são frequentes os casos, principalmente quando atendem pessoas com evidentes carências de ajuda, parece não haver paciência, mas é mais que isso, é falta de jeito! Mas esta é situação visível de falta de jeito para o lugar, porque temos o lado invisível da pessoa errada, ou seja, não se sabe quem é a pessoa, mas assistimos ao lado visível do resultado da sua decisão.

Quando algo aparece bem feito, não quero crer que foi milagre ou obra do acaso, mas sim obra da pessoa certa no lugar certo.

Mas quando a obra resulta em algo que… para já ficam as reticências, mas para que o tema não fique sem exemplos, olhemos os novos parques de estacionamento periféricos à vila de Sintra, um junto ao interface da Portela e outro, mais recente, no Bairro da Cavaleira.

O primeiro, logo após a sua construção, viu-se contestado, por vezes com veemência nas redes sociais, não quanto à sua localização, mas quanto ao tipo de piso, muitos a falaram ser de “terra batida”… Eu fui um dos que fui “instado” por alguém, alegadamente técnico camarário, a retirar o termo “terra batida” porque se tratava de um tipo de piso, segundo os nomes técnicos então utilizados, todo ele XPTO, que permitia que os solos não fossem impermeabilizados. A verdade é que a eloquência do alegado técnico, apesar de parecer que me estava a atirar terra batida para os olhos, fez-me calar e aguardar.

Só que a chuva, que de vez enquanto vai caindo, e ainda bem, veio trazer a verdade, os tais argumentos XPTO, caíram por terra, e terra é o que aquilo é, juntamente com alguma brita. Após as últimas chuvas, passou a ser um esburacado e lamacento terreno, impróprio para a função para que foi criado.

Piso do Parque de estacionamento da Portela de Sintra, entretanto encerrado, para obras de repavimentação

Por enquanto, o parque de estacionamento do Bairro da Cavaleira, pela sua quase nula utilização, julga-se que com o mesmo tipo de pavimento, conserva bom aspecto, e sem sinal das crateras do vizinho da Portela. Fico a aguardar para ver.

A solução para o tipo de pavimentação destes dois parques de estacionamento, decerto não foi projectada pela pessoa certa no lugar certo.

Quanto à localização, em Sintra não abundam locais com condições naturais para o efeito, mas parece estar a faltar um perto da confluência das vias procedentes de Lisboa e de Cascais.

Quanto ao novo parque da Portela Norte, dá muito jeito aos residentes em Algueirão e Cavaleira, que logo às primeiras horas da manhã, o conseguem lotar completamente, para depois se dirigirem para o comboio. Para visitantes a Sintra, só aos fins-de-semana.


José do Nascimento

NOTA DO AUTOR: “Quando esta crónica foi escrita, o estado do pavimento do parque de estacionamento estava no estado em a foto documenta. Entretanto, em 10 de Fevereiro começaram as obras de reparação, no entanto, a publicação desta crónica, parece continuar a fazer sentido”.