José do Nascimento | Meditando sobre 2020

Opinião

Por vezes, ou quase sempre, dá a sensação que o calendário se interrompe no Natal e o ano recomeça a contagem dos dias após os Reis, é a época das festividades, das luzes que se acendem, do madeiro que arde nas aldeias, da missa do galo, dos fogos de artifício e tantas outras coisas que nos dão a certeza de que mudámos de ano, e então começamos a desejar, e bem, bom Ano Novo uns aos outros, tal como todos os dias se deseja “bom dia” ou “boa noite”… Nesta coisa da contagem do tempo, o parente pobre é o mês, não se ouve a ninguém desejar a outro, um bom mês, seja Janeiro ou Fevereiro.

Como realmente é hoje, Dia de Reis, que começa o ano, independentemente do champanhe com que se brindou a passagem de trinta e um de Dezembro para o primeiro de Janeiro, é neste dia seis que me ocorreu escrever esta crónica sobre aquilo que possa reflectir, ou desejar, sobre o ano que aí vem.

O ano tem o número, de 2020, um duplo vinte, algo que por nunca passei e é impensável tornar a passar, ainda não tinha nascido no duplo dezanove (1919) e já cá não estarei no duplo vinte e um (2121), logo o meu primeiro objectivo é viver o ano o melhor possível!

Muitos de nós, quando começa o ano, prometemos intenções que muitas vezes não cumprimos, como por exemplo “vou deixar de fumar” não é o meu caso porque não fumo; ou “ano novo, vida nova” mas a vida, normalmente, continua a mesma; ainda “vou fazer dieta” coisa que não vou fazer, porque para emagrecer passei a comer menos e resultou; por último como exemplo, “Tenho que fazer ginástica”… A mim bastam as caminhadas diárias, porque além de já ser exercício físico, é durante elas que vou construindo as crónicas que vou escrevendo.

Em todos os outros anos que já vivi, nunca fiz promessas sempre que ele mudava, neste duplo vinte não será excepção, mas por ser diferente, fez-me criar perspectivas, algumas de sinal positivo, outras nem tanto. Começando por estas últimas e reportando-me à vila de Sintra, onde nasci e vivo, julgo que o Reino do Natal que desde há alguns anos se realiza no Parque da Liberdade, em 2020, tal como vem sendo costume, se ficará pela antevéspera, o referido reino, também não prevejo que chegue ao Natal.

Pela positiva, estou bem esperançado que na madrugada do último domingo de Março, o relógio do meu carro, passe a dar as horas certas.

Não alimento grandes esperanças de, no ano que acaba de entrar, conseguir lugar sentado na sala de espera do novíssimo Centro de Saúde de Sintra, local que visito, obrigatoriamente, três vezes por ano. Com alguma sorte, nesse mesmo local, espero conseguir o atestado de saúde que me poderá garantir a renovação da minha carta de condução.

A carta de condução, é-me preciosa para continuar a frequentar, semanalmente, o mercado da Praia das Maçãs, onde faço questão de me abastecer, porque tem estacionamento nas imediações, o que não acontece no mercado municipal de Sintra, desde os anos 90 do anterior século, este mercado, na Estefânia, apesar de “mais ao pé”, deixou de estar “mais à mão.” Tem no entanto uma recente e bem vinda mais valia, uma zona de restauração que se saúda.

Não parece crível que os erros que sobrevieram com a alteração do trânsito no Centro Histórico, em Março de 2018, venham a ser corrigidos dois anos depois, se até hoje não foram reconhecidos, não parece que o sejam agora.

Realmente não me ocorrem grandes optimismos para 2020, nem em Sintra, onde nasci e resido, nem no mundo, onde loucos mandam nisto tudo, porque outros, ainda mais loucos, lá os puseram.

Voltando a Sintra, tenho uma ligeira esperança de voltar a ver o Palácio da Pena iluminado à noite, coisa que não aconteceu durante as festividades de Natal e Ano Novo… A Pena não brindou a chegada de 2020!

Bom ano!

José do Nascimento