Câmara de Cascais defende plano para reflorestar Parque Natural

A autarquia de Cascais quer criar uma Zona de Intervenção Florestal (ZIF) no Parque Natural Sintra-Cascais para reflorestar a área ardida no incêndio de 2018 e recuperar a atividade agrícola na zona.

Incêndio na Serra de Sintra, na zona de Peninha | Foto: Sintra Notícias

Quase um ano depois do incêndio no Parque Natural de Sintra-Cascais, em outubro de 2018, que consumiu perto de 500 hectares, o município de Cascais, pretende iniciar um processo para a criação de uma Zona de Intervenção Florestal (ZIF), que, segundo a autarquia, “será essencial para estabelecer um novo ordenamento e recuperar alguma da biodiversidade que ali existiu”.

“Os sucessivos fogos que têm ocorrido foram modelando a paisagem, que, embora seja uma área protegida, do ponto de vista da biodiversidade deixa a desejar”, apontou à agência Lusa o presidente do conselho de administração da empresa municipal Cascais Ambiente, Luís Capão.

O responsável explicou que a maioria dos terrenos inseridos no Parque Natural pertencem a privados, sendo por isso objetivo da autarquia envolvê-los no projeto.

A Câmara de Cascais vai apresentar publicamente o Plano de Paisagem que elaborou, num horizonte de 20 anos , onde pretende identificar usos e funções do território, ordenar acessos e normas de utilização dos espaços, enunciar medidas de proteção local e monitorizar a evolução da fauna e da flora.

Recorde-se, o incêndio em outubro do ano passado, começou na Serra de Sintra, cerca das 22h50 de sábado, numa zona de mato, e mobilizava cerca de 500 bombeiros. Na ocasião, a principal dificuldade no combate às chamas devia-se ao vento e, cerca da 01h00 da madrugada, não havia habitações ameaçadas pelo fogo, apesar de este não se encontrar muito distante da localidade da Malveira da Serra, prosseguindo para o concelho de Cascais.

Incêndio na Serra de Sintra | Foto: DR Bombeiros Voluntário de Sintra – arquivo / outubro 2018

O incêndio foi combatido por 753 operacionais, apoiados por 223 veículos, 4 máquinas de rasto e, nas primeiras horas do dia, 7 meios aéreos, o incêndio foi dado como dominado 12 horas depois do seu início.

Durante 12 horas o incêndio consumiu cerca de 600 hectares, 4,1% do Parque Natural Sintra-Cascais com uma dimensão de 14 mil e 583 hectares de área, 300 pessoas foram retiradas do parque de campismo de Cascais e 47 de várias localidades, 21 pessoas ficaram feridas sem gravidade, das quais dez eram bombeiros.

Os incêndios do ano passado e o “grande fogo da serra de Sintra” de 6 de setembro de 1966, voltaram à memoria de muitos. Nesse incêndio na década de 60, 25 militares do Regimento de Artilharia Anti-Aérea Fixa de Queluz (RAAF) morreram quando tentavam combater as chamas na zona classificada pela UNESCO com Paisagem Cultural da Humanidade em 1995.

Sintra Notícias com Lusa