Rui Monteiro | CP – O caos instalado

(...) "A CP é hoje mais uma má prestadora de serviço público, não fugindo a linha de Sintra à regra."

No momento em que escrevo esta crónica – dentro do comboio que partiu de Sintra às 7h56 desta quinta-feira – são já mais de 80 as supressões de comboios efectuadas esta semana.

Após a CP ter anunciado que ia proceder m Junho a reparação de dois dos oito comboios que tem parados desde 2013, (sim caro leitor, desde 2013) a situação agravou-se com um elevado número de avarias que não tem resposta célere por falta de meios humanos e materiais por parte da EMEF.

Após décadas de uma gestão ruinosa de sucessivos concelhos de administração, onde se encerraram ramais no interior do país e se deixaram degradar comboios, equipamentos e condições de trabalho, a CP é hoje mais uma má prestadora de serviço público, não fugindo a linha de Sintra à regra.

Com esta constatação não se infira que o serviço privado de transportes serve de alguma forma melhor os seus utentes, atente-se à decisão da Fertagus de retirar bancos nos seus comboios por forma a conseguir dar resposta ao aumento de passageiros resultante do novo passe único intermodal, que reduz substancialmente o encargo para as famílias. Investir na aquisição de comboios parece que não está em cima da mesa, servindo este aumento de utentes para engrossar os lucros.

Regressando à linha de Sintra, assistimos esta semana às habituais declarações do presidente de câmara repudiando a situação, sem que efectivamente se efectuem pressões reais sobre o governo que tem os meios para resolver a situação.

Chegados a este ponto exigem-se medidas mediatas por parte do poder político, para a aquisição imediata dos comboios em falta e a aquisição de peças e contratação de pessoal para efectuar a reparação de todas as composições avariadas. O ser o bom aluno da europa às custas de quem todos os dias tem que usar os serviços públicos pode ser valorizado em Bruxelas ou em Berlim, mas continuam a ser os do costume a suportar o fardo.

Não é aceitável que depois do tremendo esforço de entendimento político e financeiro que permitiu a criação do passe de intermodal metropolitano, onde as autarquias tiveram um papel decisivo,  se continue a permitir que as empresas de transportes,  nomeadamente a CP, prestem um serviço terceiro-mundista.

Para terminar, deixo duas notas, a primeira vagamente populista, de que os administradores e directores das empresas de transportes se desloquem para o trabalho e no dia-a-dia em transportes públicos, a segunda, para referir que o comboio onde desloco leva parte das carruagens fechadas ao público.

Imaginando o caos que aqui vai, perdoem-me qualquer falha nesta crónica.

Rui Monteiro
Membro da direcção do movimento de utentes dos serviços públicos