A Comissão de Utentes da Saúde do Concelho de Sintra (CUSCS), em conjunto com os utentes do Centro de Saúde de Algueirão Mem-Martins, promoveu esta manhã uma vigília/protesto de “denúncia do agravamento continuado e deliberado das condições de acesso ao Serviço Nacional de Saúde”.

“O Centro de Saúde de Algueirão Mem Martins é aquele que mais médicos tem em falta no concelho de Sintra”, sublinhou a Comissão de Utentes, explicando que “desde dezembro que vários médicos saíram da unidade de saúde sem terem sido substituídos”. Pior, “os utentes que eram acompanhados por esses médicos foram transferidos para outros Centros do concelho sem o seu consentimentos”, o que significa nas palavras da Comissão de Utentes que “quem não puder acompanhar o seu médico ficará sem médico de família”.

“Situação dramática e preocupante” é como Paula Borges da Comissão de Utentes do Concelho de Sintra classifica o acesso ao Centro de Saúde, que hoje registou uma “longa e anormal” fila de utentes, “com cerca de 200 pessoas” para o acesso/marcação de uma consulta. A falta de médicos para dar resposta é outra preocupação, uma vez que “só oito se encontravam ao serviço” o que feitas as contas, faltam pelo menos quatro, lamenta Paula Borges ao SINTRA NOTÍCIAS. “A somar aos 11 médicos que, pelas nossas contas estão em falta, percebe-se o número de utentes que ficam nesta freguesia sem acesso a cuidados de saúde primários”, apontou.

Num inquérito aos utentes que se encontravam à espera junto da unidade de saúde, alguns referiram que há quem chegue “às quatro da manhã” para assegurar consulta e “cerca de 90% não tem médico de família”, referiu a porta-voz da CUSCS.

Durante a vigília/protesto que procurou fazer um“diagnóstico genérico acerca das condições de acesso à saúde” no Centro de Saúde de Algueirão Mem Martins, ficaram referências fortes sobre o acesso à saúde em “condições de espera dignas”, bem como “médico e enfermeiro de família a todos os utentes, que ponham fim a longas esperas” para marcação de “consulta do dia” e a necessidade imperiosa de “construção de um Centro de Saúde digno em Algueirão Mem Martins e um Hospital para o concelho de Sintra”.

ARS

De acordo com a ARS, atualmente no concelho de Sintra “existem 354.910 utentes inscritos frequentadores – destes, 278.416 têm médico de família atribuído” – e o agrupamento de centros de saúde (ACES) de Sintra “precisa de mais 39 médicos”.

“Atualmente o número de utentes sem médico de família atribuído é de 74.990. No início de 2015 eram cerca de 115.000 utentes sem médico de família atribuído”, informou a ARS, acrescentando que, em dois anos, foram atribuídos médico de família “a mais de 40.000 utentes”.

A ARS revelou que, desde 2015, “foram admitidos mais 31 novos médicos de família para o concelho de Sintra” e que “o ACES de Sintra tem 50 médicos a fazer o internato de medicina geral e familiar que, na sua grande maioria, quando terminam a especialidade optam por ficar devido ao apoio que é dado à criação de USF [Unidades de Saúde Familiar]”.

O projeto de arquitetura para o centro de saúde de Algueirão-Mem Martins foi elaborado pela Câmara de Sintra e o procedimento para a construção “vai ser lançado muito em breve”, adiantou a ARS, concluindo que “o processo está a decorrer dentro dos prazos previstos”.

Recorde-se que a Câmara de Sintra já assinou contratos-programa para a construção de três novos centros de saúde, nas freguesias de Agualva, Algueirão-Mem Martins, Queluz e instalação da unidade de pedopsiquiatria do Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra).

Do investimento de 5,6 milhões de euros (Agualva, Queluz, Algueirão-Mem Martins) a autarquia investe 1,8 milhões de euros, executa as obras e cede os terrenos e os edifícios onde vão ficar instaladas as novas unidades de saúde.

[atualizada 13:42]