O Iscte Executive Education acaba de lançar a 2ª edição de estudo que analisa o contributo do setor industrial de tabaco para a economia e para a criação de emprego, além do crescente investimento na exportação de serviços de elevado valor acrescentado, revela o estudo, solicitado pela Tabaqueira, em Rio de Mouro.

Um setor dinâmico, que cresce em exportações, em valor, em emprego. Uma indústria em transformação, que já não exporta apenas bens, mas também serviços de elevado valor acrescentado, cada vez mais qualificada e que consegue atrair talento jovem e multicultural.

Este é o retrato do setor industrial de tabaco em Portugal. Depois de, em março de 2023, o Iscte Executive Education ter apresentado o estudo “O impacto social e económico da indústria de tabaco em Portugal”que, pela primeira vez, lançou luz sobre um setor produtivo historicamente relevante para economia portuguesa desde o século XVI, a instituição regressa ao tema para aprofundar o conhecimento sobre uma indústria com vocação eminentemente exportadora e um dos maiores contribuintes do Estado – composta por três grupos empresariais (a Fábrica de Tabaco Micaelense, a Empresa Madeirense de Tabacos e a Tabaqueira, subsidiária portuguesa da Philip Morris International/PMI), que contam atualmente com quatro unidades fabris distribuídas pelo território Continental (1) e pelas Regiões Autónomas dos Açores (2) e da Madeira (1).

No debate participaram os responsáveis da Tabaqueira, do Grupo Metal e da Tecnimede, três importantes empresas localizadas no concelho de Sintra, assim como a Pró-Reitora do Iscte, Teresa Grilo, num debate moderado pelo Presidente Conselho Estratégico Empresarial de Sintra, António Pires de Lima

Esta segunda edição do estudo do Iscte Executive Education, solicitado pela Tabaqueira, empresa que representa 93% do valor gerado pela indústria de tabaco em Portugal, analisa três dimensões – a social, a fiscal e a económica (por via do seu impacto direto, relacionado com a atividade dos grupos empresariais do setor do tabaco em Portugal; e através do seu impacto indireto, incluindo as empresas que fornecem serviços e bens às anteriores). O estudo conclui que este setor se mantém consistentemente na rota do crescimento.

Este setor posiciona-se como um dos principais pivôs da indústria transformadora portuguesa: num universo considerável de empresas transformadoras (67.252 empresas), os seus operadores industriais ocupam a segunda posição em termos de volume de negócios médio, logo depois das empresas do setor petrolífero. Adicionalmente, o volume de negócios médio das empresas de tabaco (€254 milhões) é 87 vezes superior ao das empresas dos diversos setores da indústria transformadora nacional (€2,92 milhões).

Tão importante, o setor tem uma importante pegada social, ao impactar diretamente mais de 3.000 trabalhadores, num universo total de 50.000 pessoas impactadas em todo o território português, dada a capilaridade da sua rede comercial, que chega a todos os concelhos do País.

(…) Quisemos perceber como se está a preparar para o futuro, por forma a garantir a competitividade num contexto global mais competitivo e a sua manutenção enquanto motor das exportações portuguesas” — José Crespo de Carvalho, presidente Iscte Executive Education

O impacto social originado neste setor de atividade é sentido de forma diferente, quando considerada a referência geográfica onde cada uma das empresas do setor se encontra. Em Portugal Continental, os trabalhadores impactados representam quase 0,9% da população ativa do Continente.

Na Região Autónoma dos Açores, a percentagem de população ativa impactada pelo setor do tabaco atinge 1,92%, enquanto na Região Autónoma da Madeira alcança 1,14% da população ativa madeirense.

“Na nova edição deste estudo, quisemos estudar em maior detalhe a componente das pessoas, por se tratar de uma indústria que sendo muito antiga e histórica, com mais de cinco séculos em Portugal, está agora a operar uma transformação importante, trabalhando para deixar para trás os cigarros e focando-se nos novos produtos de tabaco. Nesse sentido, o que vemos é uma indústria que está a saber reinventar-se. Isso é particularmente visível, naturalmente, naquele que é o grande operador deste setor, a Tabaqueira“, refere José Crespo de Carvalho, presidente da Comissão Executiva do Iscte Executive Education.

“Para um setor que tem demonstrado uma grande resiliência e muito dinamizador da economia portuguesa, essa capacidade de fazer diferente e ter uma visão com base na inovação e na sustentabilidade é vital”, conclui o responsável.

Analisando concretamente a subsidiária portuguesa da PMI, que desde 2017 duplicou o número de trabalhadores, constata-se uma evolução no perfil do novo emprego, em grande parte motivado pelo investimento da multinacional em Portugal, que está comprometida em transformar o País num polo de atração de mão-de-obra qualificada e valorizada, tendo localizado em Sintra, na sede da Tabaqueira, três Centros Operacionais de Excelência que vendem serviços a diversos mercados mundiais – um dedicado às Operações, outro financeiro (Planning, Budgeting, Forecasting & Report) e um pólo tecnológico (Platform Engineering Hub). Igualmente, a PMI instalou em Portugal diversos Departamentos Globais de Finance, Marketing & Sales e de Services.

Ao todo, estes centros empregaram, em 2023, praticamente quatro centenas de trabalhadores altamente qualificados – número que cresceu cerca de 60% nos últimos dois anos e que permitiu alimentar o aumento das exportações de serviços de elevado valor acrescentado pela Tabaqueira, que, no ano passado, atingiram €52 milhões de euros e representaram 6% do total das vendas ao exterior da empresa.

Estas novas contratações têm contribuído para alterar o perfil do emprego na empresa e na indústria, mostrando grande capacidade para atrair e reter trabalhadores jovens, com mais qualificações e de diversas proveniências. Dos 1.434 trabalhadores da Tabaqueira, praticamente metade (45%) têm menos de 35 anos de idade, enquanto 10% têm nacionalidade estrangeira e são altamente qualificados. Ao todo, na Tabaqueira convivem 38 nacionalidades.

Marcelo Nico, diretor Geral da Tabaqueira / Foto: arquivo

“A Tabaqueira, por via da sua casa-mãe, a Philip Morris International, tem investido de forma muito comprometida em Portugal, num total de 418 milhões de euros desde 1997. Uma parte muito relevante deste investimento tem sido canalizada para a instalação destes centros e departamentos globais. Por exemplo, é a partir de Sintra que opera o segundo maior IT Hub mundial do Grupo, responsável por apoiar global e transversalmente na operação, produção e comercialização dos seus produtos”, refere Marcelo Nico, Diretor Geral da Tabaqueira, acrescentando que “a dinâmica entre os diversos centros e departamentos globais permite concretizar a transformação do nosso negócio, posicionando-nos como uma empresa tecnológica, que investe na inovação e aposta em serviços de alto valor”.

Segundo o responsável, “enquanto empresa, permite-nos encarar com otimismo o futuro, na certeza de que estamos a contribuir para transformar este setor, mantendo o foco nas exportações e na competitividade industrial.”

Basílio Horta, presidente da Câmara Municipal de Sintra e Ricardo Paes Mamede, diretor do Iscte Sintra

Basílio Horta, presidente da Câmara Municipal de Sintra referiu “que Sintra é o terceiro concelho com maior número de empresas com uma atividade económica intensa e diversificada”, sublinhando “a Tabaqueira e o ISCTE desenvolvem um papel importantíssimo na economia saudável do concelho”.

A segunda edição do estudo “O impacto económico e social da indústria de tabaco em Portugal” foi apresentado esta segunda-feira na conferência organizada pelo Iscte Sintra – “Sintra do Futuro: Talento, Competitividade e Inovação”, onde se debateram os desafios da qualificação do talento jovem e o papel das universidades na garantia da competitividade das indústrias e do crescimento económico.

No debate participaram os responsáveis da Tabaqueira, do Grupo Metal e da Tecnimede, três importantes empresas localizadas no concelho de Sintra, assim como a Pró-Reitora do Iscte, Teresa Grilo, num debate moderado pelo Presidente Conselho Estratégico Empresarial de Sintra, António Pires de Lima.