Fernando Trancoso Vaz, Coordenador de Oftalmologia no Hospital CUF Sintra

O glaucoma é a principal causa de cegueira irreversível, em todo o mundo. Estima-se que afete 7,8 milhões de europeus. Ao Correio de Sintra e ao Sintra Notícias, Fernando Trancoso Vaz, Coordenador de Oftalmologia no Hospital CUF Sintra, esclareceu as principais dúvidas sobre esta doença e falou sobre os tratamentos disponíveis.

É uma doença crónica e progressiva que provoca a destruição do nervo óptico, conduzindo, se não for detetada e tratada, a uma cegueira irrecuperável. Resulta da dificuldade em drenar um líquido que é produzido dentro do olho – o humor aquoso.

    O nervo óptico conduz a informação captada pelo olho para o cérebro, permitindo-nos ver. É por isso que a sua destruição leva à cegueira.

    É, sem dúvida, uma causa de cegueira potencialmente evitável. O grande problema é que, inicialmente, é assintomático. Só altera a visão quando já está numa fase muito avançada. Normalmente, as alterações surgem na visão periférica, que vai ficando mais estreita. Não é incomum surgirem, na consulta de Oftalmologia, casos de pessoas sem visão num olho e “visão em túnel” no outro, ou com boa visão ao longe, mas sem conseguirem ver objetos que estão ao seu lado, com história de quedas e choques com objetos.

    O diagnóstico é feito através da medição da pressão intraocular – que, se elevada, constitui o principal fator de risco para esta doença -, da avaliação do local de drenagem do humor aquoso, através da gonioscopia, e da atenta observação do fundo ocular, para detetar alterações no nervo óptico. Recorre-se, depois, a um conjunto de exames de imagem para confirmar a suspeita e classificar o estádio da doença. No Hospital CUF Sintra, temos uma equipa de oftalmologistas preparados para diagnosticar e tratar o glaucoma e dispomos de equipamento avançado para realizar todos os exames necessários.

    Habitualmente, o glaucoma trata-se com gotas que se aplicam nos olhos, os colírios. Salvo algumas exceções, quando estas não são o suficiente para reduzir a pressão intraocular, recorremos à cirurgia.

          As cirurgias mais frequentes são as que aumentam a drenagem do líquido retido: a esclerectomia profunda e a trabeculectomia. Aquela que mais fazemos no Hospital CUF Sintra é a trabeculectomia Moorfields Safer Surgery – uma abordagem cirúrgica que evidencia maior segurança e melhores resultados para o doente, do que a técnica convencional. É uma cirurgia filtrante com uma excelente eficácia na redução da pressão intraocular, aliada a uma significativa redução das complicações pós-operatórias. Outra solução são os implantes de drenagem.

          Em menos de 5% dos casos, consoante a evolução da doença, pode ser necessário tratamento adicional, recorrendo-se ao laser micropulsado.

          A ciclofotocoagulação é um procedimento cirúrgico recente e não invasivo, em que se usa uma sonda de laser micropulsado para estimular estruturas internas do olho e diminuir a produção do humor aquoso, escoando ainda algum líquido. É uma opção quando já se realizou previamente outras técnicas cirúrgicas, que entretanto perderam eficácia.

          Sendo o glaucoma assintomático, é importante alertar aqueles que fazem parte do grupo de risco para a importância de consultarem regularmente o oftalmologista. Se tem mais de 40 anos, história familiar de glaucoma, é afrodescendente, tem um grau elevado de miopia ou faz tratamentos regulares com corticoides, não adie as consultas.

          “No Hospital CUF Sintra, temos uma equipa de Oftalmologistas preparados para diagnosticar e tratar o glaucoma”

          Começou o tratamento com gotas, mas foi necessário fazer cirurgias filtrantes. Anos mais tarde, a doença acabou por agravar. O médico que o seguia referenciou-o para o oftalmologista Fernando Trancoso Vaz, no Hospital CUF Sintra, pela sua diferenciação na área do glaucoma. “Em fevereiro, fiz a ciclofotocoagulação e correu tudo bem. No próprio dia, saí do hospital pelo meu pé e a doença tem estado controlada”, conta.

          O glaucoma é uma doença que precisa de ser vigiada regularmente, para prevenir agravamentos. Depois da sua experiência, João confessa que redobrou os cuidados: “os olhos e a visão são extremamente importantes e, neste momento, dou-lhes muito valor e procuro preservá-los.”