Desde o passado dia 17 de novembro, a extensa coleção botânica do Parque da Pena passou a contar com um novo motivo de interesse. O mais importante arboreto existente em Portugal foi o único jardim nacional escolhido para integrar o projeto internacional de conservação “Global Wollemia nobilis (Wollemi Pine) metacollection pilot program”, no âmbito do qual recebeu seis exemplares da metacoleção de Wollemia nobilis, uma árvore muito rara, contemporânea dos dinossauros.
Os fósseis mais antigos desta árvore têm 200 milhões de anos e pensava-se que estava extinta desde há 70 a 90 milhões de anos atrás. No entanto, em 1994, o jovem explorador australiano David Noble descobriu-a por acaso numa região restrita de floresta temperada localizada num desfiladeiro do Parque Nacional Wollemi, a 150 quilómetros da cidade de Sydney.
O nome científico do género, Wollemia, deriva do nome do parque onde as árvores foram identificadas, e a qualificação da espécie, nobilis, homenageia o explorador que a descobriu. Atualmente, existem cerca de 100 exemplares de Wollemia nobilis em estado selvagem, pelo que a espécie está criticamente em risco, constando da Lista Vermelha do IUCN (International Union for the Conservation of Nature).
Em Portugal, o Parque da Pena foi o único local escolhido para receber seis exemplares de Wollemia nobilis, que, após a sua chegada da Austrália, estiveram em aclimatação nas Estufas do Parque da Pena, até à sua plantação, na envolvente do Chalet da Condessa d’Edla, que decorreu no passado dia 17 de novembro.
“Preservar a biodiversidade é uma das nossas missões, pelo que é com todo o empenho que abraçamos a responsabilidade de contribuir para evitar a extinção desta espécie, em colaboração com outras reputadas instituições internacionais“
Luís Calaim
“Para a Parques de Sintra é uma honra e um privilégio participar neste projeto internacional de conservação de uma espécie botânica tão rara e tão ameaçada, uma vez que é um reconhecimento da qualidade do nosso trabalho nesta área”, refere Luís Calaim, administrador da Parques de Sintra, que participou na ação de transplantação dos exemplares de Wollemia nobilis.
Para o responsável, “preservar a biodiversidade é uma das nossas missões, pelo que é com todo o empenho que abraçamos a responsabilidade de contribuir para evitar a extinção desta espécie, em colaboração com outras reputadas instituições internacionais.”
O Parque da Pena passa, assim, a fazer parte do grupo restrito de 34 jardins botânicos internacionais que, em conjunto vão criar esta metacoleção, uma coleção botânica partilhada por diversas organizações e gerida em colaboração com o objetivo de investigar e conservar a espécie. O projeto abrange 28 jardins botânicos europeus, cinco australianos e uma norte-americano.
O cultivo destas árvores em diferentes pontos do globo permite preservar a ampla diversidade genética encontrada na população selvagem e visa salvar da extinção a Wollemia nobilis.
Fotografias: PSML / José Marques Silva