A Carris Metropolitana está a circular há cerca de duas semanas nos municípios da margem norte do Tejo, – Amadora, Cascais, Lisboa, Loures, Mafra, Odivelas, Oeiras, Sintra e Vila Franca de Xira -, mas há críticas por parte dos utentes, que lamentam os atrasos constantes e a falta horários fora das horas de ponta.

“Pior é que ninguém nos dá qualquer informação ou esclarecimento, nem mesmo os motoristas”, lamenta Rosa Plácido, que teve de esperar cerca de três horas por transporte para fazer a ligação entre a Portela de Sintra, onde se encontrava e Fontanelas onde reside. “Temos aqui gente idosa e doente que não pode esperar. Isto é um problema grave e as pessoas começam a ficar desesperadas”, lamenta Rosa Plácido, que não é utente habitual do serviço. “Não sou utente e sinceramente espero não voltar a repetir”, refere com alguma indignação a reformada. “Estavam aqui 18 autocarros parados e dois partiram para formação. Acha isto normal nesta altura?” questiona-se a passageira, que critica ainda a supressão de paragens, outras que estão muito distantes entre si e percursos muito discutíveis”, desabafa.

Ontem estavam 14 autocarros parados no Cacém e nós a espera duas ou três horas! É uma vergonha”, lamenta Dora Magalhães. “O serviço de transporte público piorou bastante, sobretudo da carreira 1245 (Catribana – Portela de Sintra)”, lamenta Ricardo Bastos.

“Novas rotas, atrasos nos horários, retiram autocarros em zonas onde vivem idosos, tendo os mesmos que percorrer a pé para outras paragens, é o caso da última paragem das Azenhas do Mar”, queixa-se Manuela Branca. “Está muito difícil de Rio de Mouro para Cascais. É um inferno! As pessoas vêm como sardinhas enlatadas. É vergonhoso!”, desabafa, Luís Lourenço.

Lígia Loyo, critica o não cumprimento de horários e “os motoristas são arrogantes e soberbos, dão respostas inaceitáveis, não sabem as rotas”, queixando-se ainda do preço dos bilhetes.

Caricato, “os próprios motoristas tinham dúvidas sobre os horários e os novos percursos”, testemunha Diogo Francisco, explicando que os passageiros chegaram a orientar os condutores, muitos deles imigrantes e contratados recentemente, nos caminhos.

Na verdade, numa das ligações entre o Cacém e a Portela de Sintra, “o motorista teve alguma dificuldade na identificação do percurso e acabou mesmo por fazer uma entrada em falso pelo IC-19”, dá conta Carla Serra.

Carris Metropolitana no concelho de Sintra desde 1 de janeiro de 2023 / Imagem: Carris Metropolitana

O Sintra Notícias e o Correio de Sintra não conseguiam obter esclarecimento da parte da Carris Metropolitana, sobre o cumprimento de objetivos e para algumas preocupações manifestadas pelos utentes deste transporte público, sobretudo no que se refere aos atrasos e à não afixação de horários nas paragens.

Por outro lado, “a Câmara de Sintra tem acompanhado de perto, e com técnicos no terreno, esta operação” e já “solicitou especial atenção, face às características geográficas e demográficas de Sintra, para a resolução das situações identificadas junto da TML e do operador”, adiantou fonte da autarquia.

Recorde-se, a TML indicou, em novembro, que as operadoras “assumiram estar em condições de iniciar a operação rodoviária” no distrito de Lisboa e asseguraram ter “o número de viaturas e de motoristas necessários para a oferta prevista contratualmente, que pressupõe desde logo um aumento significativo de linhas e horários”.

No entanto, esta meta não terá sido alcançada, visto que, em 30 de dezembro de 2022, a TML referiu num comunicado que, em toda a AML, se projetava “mais de 20 mil horários / circulações num dia útil”, representando “mais 20% do que os horários do serviço anterior à Carris Metropolitana”.

Apesar de existirem dificuldades de interpretação da informação relativa a horários e carreiras da nova empresa, a maioria dos utentes reconhece e elogia as novas viaturas, que têm uma idade média inferior a um ano e meio, portas USB, ‘wifi’ e novos estofos nos bancos.

Sintra Notícias com Correio de Sintra
Imagem: Carla Serra