O céu de janeiro de 2023

Este ano tem a particularidade de começar com todos os planetas do sistema solar acima do horizonte ao anoitecer. No entanto por estes dias Mercúrio encontra-se tão perto da direção do Sol, que este não permitirá uma boa observação de Mercúrio.

A seu turno, na primeira noite do ano a Lua irá passar numa direção tão próxima da do planeta Úrano, que no Reino Unido e no norte da Europa quem tiver binóculos ou um pequeno telescópio (este planeta não é visível a olho nu) poderão presenciar a ocultação de Úrano pela Lua.

Já em Portugal, a primeira efeméride significativa terá lugar na terceira madrugada de 2023, aquando da passagem da lua junto do aglomerado estelar das Plêiades (o famoso Sete-Estrelo).

Ao início da noite seguinte a Lua estará tão próxima da direção do planeta Marte que na África Austral assistirão ocultação de Marte pela Lua. Outra ocultação semelhante terá lugar na madrugada de dia 31, mas essa apenas será visível na América central e Caraíbas.

Na madrugada de dia 4 terá lugar o pico de atividade da chuva de estrelas Quadrântidas, pequenas rochas e poeiras que se pensa terem sido libertados pelo asteroide 2003 EH1, o qual em tempos terá sido um cometa. Embora possam surgir em qualquer parte do céu todos parecerão irradiar de uma parte do céu (o radiante) outrora ocupada pela constelação do Quadrante Mural, uma constelação criada em 1795, mas que hoje em dia não é reconhecida pela União Astronómica Internacional. As chuvas de estrelas Quadrântidas tendem a ser particularmente fortes, podendo superar a centena de meteoros por hora no seu pico de atividade. No entanto, este ano o pico de atividade calha demasiado perto da Lua Cheia (já no dia 6), sendo de esperar que o número de meteoros observados seja uma ordem de grandeza inferior ao normalmente previsto.

Nesta mesma quarta-feira a Terra chega ao seu periélio, o ponto da sua orbita mais próxima do Sol. No entanto como o hemisfério norte terrestre está voltado na direção contrária à do Sol, no nosso país continuaremos com os dias curtos e frios característicos do inverno.

Na noite de dia 14 para 15 a Lua será vista junto à estrela Espiga da constelação da Virgem, nesta mesma madrugada a Lua apresentar-se-á na sua fase de quarto minguante. Por sua vez, a Lua Nova irá coincidir com a chegada da Lua ao perigeu (ponto da sua orbita mais próximo da Terra), na noite de dia 21.

No dia 22 dar-se-á a conjunção (maior aproximação no firmamento) dos planetas Vénus e Saturno ligeiramente à esquerda da Lua. Mas a maior aproximação da Lua a estes planetas dar-se-á pouco depois, mas já com estes astros abaixo do horizonte.

Na madrugada de dia 26 a Lua ter-se-á aproximado do planeta Júpiter, que por estes dias se encontra na constelação dos Peixes. Cerca de dias e meio depois terá lugar o quarto crescente.

No dia 29 comemorar-se-á o 25º aniversário do acordo internacional para o desenvolvimento, operação e ocupação da Estação Espacial Internacional. Esta estrutura ilustra bem que a humanidade consegue alcançar quando em vez de guerrear-se a humanidade decide trabalhar em conjunto.

Na madrugada de dia 30 teremos uma nova passagem da Lua pelo aglomerado estelar das Plêiades. Igualmente nesta madrugada o planeta mercúrio atinge a sua maior elongação (ou afastamento relativamente à direção do Sol) para oeste. Para os mais madrugadores esta é uma excelente oportunidade de observar Mercúrio antes do amanhecer, por ser uma das ocasiões em que este planeta se apresenta mais alto no céu.

Por estes dias o interior do sistema solar está a ser visitado pelo cometa C/2022 E3. Espera-se que no final deste mês o brilho deste cometa atinja o limiar do observável a olho nu, sendo a última oportunidade que teremos em muitíssimo tempo para o observar (mais precisamente cerca de cinquenta mil anos, correspondendo ao período orbital deste cometa).

Texto | Fernando Pinheiro (CITEUC e FCTUC)

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