Cristina Chagas, Coordenadora de Gastrenterologia no Hospital CUF Sintra

Um em cada três portugueses sofre de doenças do aparelho digestivo, sendo uma das principais causas de morte em Portugal. Em entrevista ao jornal Correio de Sintra e ao Sintra Notícias, Cristina Chagas, Coordenadora de Gastrenterologia no Hospital CUF Sintra, sensibiliza para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce das doenças digestivas.

Que problemas de saúde estão na  origem da maior parte das consultas de gastrenterologia?

A doença de refluxo gastroesofágico, a Síndrome do Intestino Irritável, e os pólipos colorretais são muito frequentes na consulta, bem como as gastrites, as úlceras e as hemorróidas. As doenças Inflamatórias Crónicas do Intestino, como a Doença de Crohn e a Colite Ulcerosa, são também cada vez mais frequentes, afetando a qualidade de vida de muitas pessoas. Surgem devido a alterações da resposta imunológica existindo actualmente múltiplas possibilidades terapêuticas. Destaco ainda, os casos que nos levam ao diagnóstico de tumores digestivos. O diagnóstico precoce destas patologias permite o seu tratamento atempado possibilitando melhores resultados e evitando complicações.

A incidência de tumores digestivos é preocupante?

Em Portugal, tal como noutros países desenvolvidos, a incidência de tumores digestivos é muito elevada. Dos dez tumores malignos mais frequentemente diagnosticados em Portugal, cinco deles são do aparelho digestivo – nomeadamente os cancros do cólon e reto, do estômago, do pâncreas, do fígado e do esófago. O cancro colorectal é o segundo tumor maligno mais diagnosticado em Portugal, com mais de 7000 casos identificados anualmente e a sua incidência está a aumentar na população com menos de 50 anos, tendo-se verificado nos últimos dez anos uma duplicação do número de casos nessa faixa etária. 
Também a incidência de cancro do pâncreas está a aumentar em Portugal tendo-se registado um aumento de 30% de casos e o seu aparecimento é agora mais frequente em idades mais jovens. Os exames de diagnóstico podem salvar vidas – o prognóstico destes tumores é muito mais favorável se forem detetados numa fase precoce através da realização de exames de rastreio, aumentando as possibilidades de cura. O cancro colorectal em mais de 90% dos casos tem origem em lesões benignas, os pólipos colorretais, que com o decorrer do tempo podem malignizar. A realização de uma colonoscopia permite detetar e remover estes pólipos, impedindo a sua transformação em cancro.

Que cuidados com a saúde digestiva recomenda?

A obesidade, o tabagismo e o excesso de ingestão de álcool são importantes fatores de risco para o aparecimento destes tumores. Por outro lado, a vigilância médica regular, um estilo de vida saudável, a prática de exercício e uma dieta de tipo mediterrânica, podem ser fatores importantes na prevenção destas doenças.

Que sinais devem alertar as pessoas para a procura de ajuda médica?

O aparelho digestivo é composto por múltiplos órgãos e, portanto, é possível um largo espectro de sinais de alerta, desde emagrecimento, perda de apetite e anemia ou sintomas e sinais mais específicos como dificuldade em engolir, azia, vómitos, dor abdominal, alterações do trânsito intestinal (diarreia ou obstipação), perda de sangue nas fezes e icterícia.
O gastrenterologista, após avaliação clínica, irá traçar um plano de diagnóstico que pode ir desde a prescrição de exames laboratoriais ou de imagem (ecografia ou TAC abdominal), até à realização de exames endoscópicos, como por exemplo, a endoscopia digestiva alta ou a colonoscopia, que para além de capacidade diagnóstica possuem também capacidade de tratamento de várias patologias.

Alguns dos profissionais da equipa multidisciplinar de Gastrenterologia no Hospital CUF Sintra

Na prevenção e diagnóstico precoce de doenças gastrointestinais a realização de exames é fundamental.
Conheça os mais comuns: a colonoscopia e endoscopia

Que exames são estes?

A endoscopia digestiva alta e a colonoscopia permitem a visualização da mucosa do esófago, estômago e duodeno ou do intestino grosso e parte do intestino delgado, respectivamente. Para além de permitir estabelecer um diagnóstico pode ser colhido material de biópsia, removidas lesões, como os pólipos, ou efectuados tratamentos de hemorragias, dilatações do tubo digestivo, colocação de próteses ou de tubos para alimentação. Podem ser feitos com apoio anestésico, com toda a segurança e comodidade.

Quem deve realizar estes exames?

Estes exames devem ser realizados por prescrição médica dependendo das queixas, dos antecedentes familiares e da história clínica de cada pessoa.

É recomendado iniciar o rastreio do cancro colorectal após os 45 anos de idade, a colonoscopia é neste contexto o único exame de rastreio que permite a remoção dos pólipos colorretais.

Avaliação completa do sistema digestivo
Com a disponibilização de equipamentos de última geração, aliados a uma equipa multidisciplinar de profissionais diferenciados, no Hospital CUF Sintra é possível realizar o estudo, diagnóstico, tratamento e prevenção das mais variadas doenças do aparelho digestivo.