Maria de Lourdes Resende, falecida na sexta-feira aos 95 anos, projetava ser cantora lírica, mas gravou êxitos como “Alcobaça”, e foi eleita rainha do espetáculo, em 1956, e por duas vezes da rádio, em 1955 e 1962.

O estilo interpretativo de Maria de Lourdes Resende era “intimamente ligado ao contexto radiofónico, caracterizava-se pela clareza de dição, pela utilização de vibrato que se seguem ao ataque a notas sustentadas, pela exploração de dinâmicas mais fortes no registo médio e agudo, e por uma colocação de voz que permitia expressar alguma dramaticidade normalmente associada à letra”, segundo a Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX (2010).

A cançonetista, que se manteve ativa durante mais de 40 anos, gravou sucessos como “Alcobaça”, “Não, Não e Não”, “Feia”, “Nostalgia”, “Contra a Maré”, “Tenho 40 Namoros”, “Montanheira”, “Não percas a Esperança” ou “Moleirinha”, um poema de Guerra Junqueiro musicado pelo padre Tomás Borba.

Maria de Lourdes Resende atuou, para além de França, Brasil, Angola e Moçambique, na Alemanha, Inglaterra, Espanha, Bélgica, África do Sul e Canadá, onde venceu o Festival Internacional de Toronto, em 1966, e classificou-se em 2.º, no ano seguinte, tendo pelas duas vezes recebido o Prémio de Interpretação. Representou também Portugal no Festival de Osaka, no Japão.

Em 1987 foi distinguida com as Medalhas de Prata dos Municípios do Barreiro, Alcobaça e Lamego, dois anos depois, em abril de 1989, foi homenageada no Porto, numa iniciativa dos locutores Olga Cardoso e António Sala, da Rádio Renascença. A Câmara do Barreiro, cidade onde nasceu a 29 de janeiro de 1927, voltou a distingui-la, desta feita com a Medalha de Ouro.

Em 29 de abril de 1995 a intérprete, de seu nome completo Maria de Lourdes Dias Resende Vidal, celebrou os 50 anos da sua estreia, num espetáculo em Alcobaça, produzido por António Fortuna, seu agente durante décadas, e a última vez que terá atuado. O município de Alcobaça considerou-a “A senhora que personifica Alcobaça” e atribuiu o seu nome a uma da rua da vila.

Os seus êxitos encontram-se compilados nos CD “O Melhor de Maria de Lurdes Resende” (1992), pela EMI Music-Valentim de Carvalho, e num editado em 1993 pela discográfica Estoril Discos, e, em 2009, “O Melhor de Maria de Lourdes Resende”, pela IPLAY/Valentim de Carvalho, além de fazer parte de várias coletâneas de música ligeira como “Canções de Ouro” (2010), com o selo da espanhola Novoson.

Em janeiro de 2019, o Presidente da República condecorou a cantora com a Ordem do Mérito, grau comendador.