Basílio Horta contra proposta do PSD para “converter” em gestão privada o novo Hospital de Sintra

Basílio Horta está contra a proposta do PSD que propõe, na especialidade do Orçamento do Estado para 2023, a entrega a gestão privada do novo Hospital de Sintra. Baptista Leite defendeu essa gestão e o debate “aqueceu” esta tarde na reunião do executivo camarário.

“Este hospital, pago pela Câmara Municipal de Sintra, está a ser construído com a premissa de ter gestão pública”, sublinhou Basílio Horta. O autarca não concorda que, depois do esforço de 50 milhões de euros do orçamento municipal, “o novo hospital seja entregue a um qualquer grupo privado”.

Basílio Horta reconheceu um aspeto positivo nesta proposta do PSD: “um hospital que era considerado um hospital pequeno, agora, felizmente, já tem dignidade para ser gerido” por um grupo privado.

Baptista Leite defendeu a proposta do PSD para “conversão” do novo Hospital de Sintra numa parceria público-privada. “Se houvesse abertura para discutir a conversão, em sede de infraestruturas, poderia ser uma forma dos 50 milhões de euros de impostos dos munícipes de Sintra serem devolvidos”, defendeu o social democrata.

Mas o vereador do PSD defendeu ainda que este “equipamento de saúde” não é “um hospital”. “Um hospital tem autonomia de gestão e daquilo que estamos a falar é um polo do Fernando Fonseca. Não é um hospital, porque um hospital tem camas, este hospital não terá camas, serão camas de cuidados continuados”, afirmou Baptista Leite.

Basílio Horta indignou-se com o “desplante” das afirmações de Baptista Leite. “Se pensava assim porque razão o seu partido votou a favor da construção deste hospital”, questionou o presidente da Câmara Municipal de Sintra. “O senhor mudou de opinião, mas mesmo assim quer dar ao privado, a preocupação é dar ao privado. É mau, mas quer dar ao privado”, sublinhou Basílio Horta.

A proposta do PSD para a gestão público-privada, subscrita, nomeadamente, pelo também deputado Baptista Leite, pretende criar as condições para que o governo possa optar pela gestão privado do novo hospital de Sintra.

“Estando a obra em curso e respeitando a uma parceria entre o Estado e a Câmara Municipal de Sintra, não se afigura necessária uma proposta reportada especificamente a aspetos relacionados com a construção do hospital”, justifica o PSD. No entanto os sociais democratas defendem que “o Governo não deve deixar de ponderar qual o modelo de gestão”.

A proposta do PSD, na especialidade do Orçamento do Estado para 2023, defende que o governo “pode optar por um modelo de gestão para os serviços clínicos do futuro Hospital e Sintra em regime de Parceria Público-Privada”.

A proposta defende que a gestão privada pode ser vantajosa “em termos do binómio qualidade-custo”, relativamente à gestão pública prevista.

As obras do futuro Hospital de Sintra arrancaram em agosto de 2021 e deverão estar concluídas em janeiro de 2024 para servir 400 mil utentes, num investimento global de mais de 50 milhões de euros.

A nova unidade hospitalar está a ser construída num terreno municipal no bairro da Cavaleira, na freguesia de Algueirão–Mem Martins.
A construção deste hospital representa um investimento total de cerca de 72 milhões, sendo 50,6 milhões da responsabilidade do município. Parte do investimento do Governo na construção deste hospital, que servirá cerca de 400 mil pessoas, será financiado ao abrigo do Plano de Recuperação e Resiliência.

O futuro hospital de Sintra será composto por um serviço de ambulatório, consultas externas e exames, unidade de saúde mental, medicina física de reabilitação, central de colheitas e os meios complementares de diagnóstico e terapêutica, unidade de cirurgia de ambulatório com bloco de cirurgia e recobro e serviço de urgência básica.

A autarquia estima que, no primeiro ano, sejam realizadas 166 mil consultas e 46 mil atendimentos no serviço de urgência. No exterior, os utentes irão dispor de 300 lugares de estacionamento.

Atualmente os habitantes do concelho de Sintra são servidos pelo Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra), situado no concelho da Amadora, e pelo Hospital de Cascais.