Municípios reduzem rega de jardins e apostam em campanhas de sensibilização

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Municípios de todo o país têm adotado medidas para minimizar a situação geral de seca, que passam pela redução de regas de jardins, o uso de água reciclada nas lavagens, a redução de caudais e mais campanhas de sensibilização.

Desde outubro do ano passado choveu praticamente metade do que seria um ano hidrológico normal, segundo adiantou à Lusa o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), em 9 de agosto.

Pelo menos cerca de oito mil pessoas de 50 localidades transmontanas estão a ser abastecidas este verão com a ajuda de autotanques devido à falta de água nos sistemas de abastecimento, nomeadamente nos municípios de Carrazeda de Ansiães, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Alfândega da Fé, Mogadouro e Vimioso, no distrito de Bragança, e Alijó, no distrito de Vila Real.

Em Beja, também está a ser assegurado por autotanques o abastecimento público de água em localidades de seis concelhos servidos pelo sistema da Águas Públicas do Alentejo (AgdA), em povoações de Aljustrel, Mértola e Moura (no distrito de Beja), Alcácer do Sal e Santiago do Cacém (Setúbal) e Montemor-o-Novo (Évora).

Entre as medidas já adotadas pelas câmaras para redução do consumo de água das redes públicas de abastecimento está o controlo da rega e o uso de água não potável de cursos naturais nos espaços públicos e jardins e a alteração da flora para espécies autóctones mais resistentes ao clima, como nos municípios de Amarante, Penafiel e Paredes, no distrito do Porto.

A desativação e a reprogramação dos sistemas de rega automática ou a criação de furos artesianos em parques urbanos para poupar água da rede são algumas das medidas implementadas por outras autarquias do Grande Porto, como Gondomar, Matosinhos, Gaia e Santo Tirso, que também desligaram os chafarizes e reduziram a água disponível nos bebedouros públicos e fontanários.

Além da redução das regas, a Câmara de Reguengos de Monsaraz, Évora, anunciou a instalação de equipamentos de elevada eficiência hídrica nos edifícios municipais, assim como campanhas junto da população com dicas para reduzir o consumo na própria fatura da água.

Já em Beja, a Câmara de Almodôvar informou a população sobre quais os poços e furos públicos que não são utilizados para consumo humano, mas que podem servir para abeberamento animal ou rega.

No distrito de Leiria, este concelho e o município da Nazaré optaram por investir em novos depósitos para aumentar a capacidade de armazenamento de água, enquanto a Câmara de Porto de Mós está a reforçar a fiscalização para evitar o uso fraudulento da água, especialmente as ligações diretas de contadores e utilização indevida das bocas-de-incêndio e fontanários públicos, especialmente em zonas onde foi detetado “um consumo superior ao habitual”.

No Algarve, várias autarquias decidiram encerrar piscinas municipais e fontes ornamentais ou instalar redutores de caudais e também a Região de Turismo do Algarve propôs aos empreendimentos turísticos a redução da água em fontes ornamentais, na rega dos espaços verdes e na renovação da água das piscinas como medidas de contingência para responder à situação de seca.

A Câmara de Loulé, por exemplo, manterá encerradas até setembro as piscinas interiores na sede do concelho e em Quarteira, além de encerrar as piscinas exteriores de Loulé e de Salir às segundas, terças e quartas-feiras, a partir da próxima segunda-feira.

Em Castro Marim, o depósito de água da aldeia de Corte do Gago é abastecido diariamente por um camião cisterna desde que secaram os furos que abasteciam a localidade. Esta situação já levou o presidente da Câmara, Francisco Amaral, a criticar os decisores políticos pela “demora” na construção da central de dessalinização de água, e, tal como o autarca vizinho de Alcoutim, Osvaldo Gonçalves, a defender a construção de uma barragem na ribeira da Foupana, afluente do rio Guadiana.