Greve na CP com pouco impacto na circulação de comboios

Estação de comboios da CP em Sintra | Foto: arquivo

A greve dos trabalhadores do setor ferroviário teve pouco impacto na circulação de comboios durante o dia de hoje, registando-se apenas a supressão de seis comboios na linha do Sado, adiantou a CP – Comboios de Portugal.

Os trabalhadores do setor ferroviário estão a cumprir um dia de greve que se esperava viesse a causar “perturbações nos serviços” da CP, que chegou a apontar para a possibilidade de atrasos e supressões de comboios.

No entanto, a porta-voz da CP, Ana Portela, disse à agência Lusa que até cerca das 18h30, “os comboios circularam normalmente, apenas houve seis comboios suprimidos na linha do Sado” (uma linha da rede de comboios suburbanos da Grande Lisboa, com circulações entre Barreiro e Praias do Sado).

Abílio Carvalho, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF), que convocou a greve, disse à Lusa ao final do dia que, “apesar de estarem muitos trabalhadores em greve, o impacto na circulação não foi significativo”.

“O impacto não era o esperado, mas é uma greve que decorre durante o mês todo e que vai decorrer também em setembro e em que salvaguarda os trabalhadores de poderem recusar-se a fazer trabalho extraordinário”, acrescentou o dirigente sindical.

Uma das razões apontada pelo sindicalista é o facto de hoje ser feriado e, por conseguinte, um dia em que os trabalhadores ganham mais, podendo estes ter optado por fazer a greve num dia de descanso semanal.

“É que nós não vemos esta greve como uma greve de 24 horas, decorre o mês todo, e há trabalhadores que optam por fazer greve apenas no dia de descanso e não fazem mais durante o resto do mês”, acrescentou, sublinhando, contudo, que apesar de ainda não ter dados da adesão, sabe que “há muitos trabalhadores em greve e que estão a ser substituídos, o que é ilegal”.

O SNTSF entregou um pré-aviso de greve para este mês ao trabalho extraordinário, ao trabalho em dia de descanso semanal e ao trabalho em feriado, apontando que os trabalhadores a devem utilizar para “manifestarem o seu descontentamento e a sua exigência pela valorização dos seus salários”.

Fonte do SNTSF disse à Lusa que as razões para esta greve são o aumento salarial de 0,9%, que o sindicato considera insuficiente face à inflação registada nos últimos meses, e a falta de trabalhadores na empresa, que se sente o ano todo.

O dirigente sindical lamenta que cada vez mais trabalhadores saiam para outras empresas ou até para outras profissões onde ganham melhor, sem que essas saídas sejam colmatadas com novas entradas.

Segundo Abílio Carvalho, há “quase que uma imposição” por parte da CP em que “os trabalhadores têm de recorrer quase obrigatoriamente ao trabalho extraordinário”.