Com centenas de pessoas junto ao Palácio de Belém em solidariedade com os ucranianos, Marcelo Rebelo de Sousa ouviu agradecimentos pelas suas palavras sobre a invasão russa.
Já com a noite caída, foi em tons de azul e amarelo – as cores da Ucrânia — com muitas palavras de ordem contra o Presidente russo, Vladimir Putin, o hino ucraniano entoado mais do que uma vez e muitos agradecimentos a Portugal que terminou a concentração que juntou portugueses e ucranianos em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa, num apelo conjunto e solidário pela paz na Ucrânia.
Aquilo que começou com um pequeno cordão humano na zona do Restelo, junto à estátua de Taras Schevchenko – um poeta ucraniano que é o símbolo da resistência daquele país — foi ganhando expressão, tamanho e cores ao longo do percurso até ao jardim em frente à Presidência da República.
“Stop Putin”, “Putin terrorista”, “Stop War”, “Assassino, deixa a Ucrânia em Paz!”, “Putin, tira as mãos da Ucrânia” e “Save Ukraine = Save Europe” eram algumas das frases que se podiam ler nas mãos dos manifestantes, que traziam ainda bandeiras, balões e flores para pedir o fim da guerra na Ucrânia.
Com a polícia a controlar o trânsito em frente ao Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa chegou já cerca de uma hora depois dos manifestantes se terem concentrado naquela zona e, a conduzir o seu próprio carro, parou, saiu e cumprimentou Pavlo Sadokha, presidente da Associação de Ucranianos em Portugal, que envergou durante toda a tarde uma bandeira ucraniana pelas costas.
Depois de uma sonora salva de palmas ao chefe de Estado, os manifestantes gritaram “stop Putin” enquanto Marcelo cumprimentava os presentes, do outro lado do jardim, e ouviu de Pavlo Sadokha um “muito obrigado senhor Presidente” por todo o apoio que deu ao povo ucraniano.
“Já viram a cor da vossa bandeira?”, perguntou o Presidente da República enquanto apontava para as paredes do palácio com as cores ucranianas projetadas.
O presidente da Associação de Ucranianos em Portugal acenou, mas de pronto continuou porque trazia um agradecimento que não quis deixar de transmitir a Marcelo.
“Foi muito forte naquele dia, quando começou a guerra, as suas primeiras palavras a dizer que todo o Portugal e todos os portugueses estavam com os ucranianos e com a Ucrânia. Os nossos soldados vão continuar a defender o nosso país e garanto que eles não vão render-se e que a Ucrânia vai ser livre, assim como Portugal e nós vamos ser dois países livres dos dois lados da Europa”, disse Pavlo Sadokha, emocionado.
O Presidente da República repetiu as palavras de condenação pela invasão e a solidariedade do povo português para com o povo ucraniano.
“Ao longo da nossa história nós vivemos momentos assim, ao longo dos séculos. Somos uma nação muito, muito antiga e tivemos também situações em que a nossa integridade, a nossa soberania foram atingidas contra os princípios que são fundamentais de direito internacional e o povo português resistiu, lutou e afirmou a sua independência e a sua liberdade”, recordou.
Marcelo elogiou a “luta muito militante” que os ucranianos estão a fazer pelo seu território, pela sua pátria e pelo direito a decidir o seu próprio destino.
“O que eu queria aqui dizer é que também há uma palavra a dar aos ucranianos que vivem em Portugal. É uma comunidade excecional, que tem contribuído para a democracia, a liberdade, a paz, a criação de riqueza no nosso país, que tem desempenhado funções de natureza social, as mais importantes”, enalteceu.
Depois de falar aos jornalistas, Marcelo atravessou a rua e foi por breves momentos cumprimentar os manifestantes presentes, deu um abraço a uma criança e seguiu depois, pela rampa do Palácio de Belém, enquanto a concentração se começou a desmobilizar.
Fotografia: PR