Abaixo assinado de moradores de Vale Flores, pede "suspensão imediata" de construção de Ecocentro

Os moradores da Urbanização de Vale Flores, na União das Freguesias de Sintra, entregaram na Câmara de Sintra, um abaixo-assinado com mais de duas mil assinaturas, que pede a “suspensão imediata” da construção de um Ecocentro, junto aos prédios de habitação e “se encontre uma nova localização para o Ecocentro, sugerindo-se a reconversão de uma das áreas industriais abandonadas que existem nas proximidades.

Os moradores queixam-se de que a Câmara de Sintra não esclareceu quais os impactos da construção junto à urbanização com centenas de residentes. Por outro lado, “o acesso de camiões e todos os veículos será feito por entre os prédios, num local onde as crianças brincam na rua. O terreno onde vão construir o ecocentro é onde estava projetada a construção de um parque urbano para os moradores”, refere Nuno Fernandes em nota enviada ao SINTRA NOTÍCIAS.

O Jornal CORREIO DE SINTRA, desta semana dá destaque ao assunto, adiantando que os moradores “foram apanhados de surpresa com o início dos trabalhos” para a construção de um Ecoponto, “sem quaisquer informações, nem sinalética sobre os mesmos”.

“O que a população de Vale Flores quer, primeiro, é que não se tivesse feito esta obra nas nossas costas”, disse ao CORREIO DE SINTRA, Rui Teixeira, um dos impulsionadores do movimento, que pede que a obra seja “cancelada de imediato” acrescentando que “além dos resíduos” depositados, só há uma acesso à rua, “cuja tipologia é apenas para estacionamento e entrada para as garagens. A portaria do ecocentro não vai distar mais de 70 metros em relação às fachadas dos edifícios”, declarou, o morador.

O jornal CORREIO DE SINTRA teve acesso ao abaixo-assinado, que entre outros pontos, solicita ao “desmantelamento imediato do estaleiro e de todos os elementos entretanto construídos e a reposição da situação anterior ao início dos trabalhos” e “a reintegração das áreas excluídas aos respetivos regimes”.

De acordo com o texto, o terreno estava classificado, como Reserva Ecológica Nacional (REN) e Reserva Agrícola Nacional (RAN), como “áreas estratégicas de proteção e recarga de aquíferos”. Os moradores questionam os argumentos usados pela autarquia sintrense , perante a CCDRLVT – Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo e a DRAPLVT – Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo, entidades que tutelam a REN e a RAN, respetivamente, no processo de exclusão.

Como consequência dos protestos, e a pedido da União de Freguesias de Sintra, decorreu no passado dia 2 de fevereiro, no auditório do SMAS, uma sessão para esclarecimento dos moradores, mas que não resultou nas respostas esperadas pelos moradores, que prometem não baixar os braços.

Câmara de Sintra responde

O SINTRA NOTÍCIAS contactou a Câmara de Sintra que esclarece que “o Ecocentro de Vale Flores tem por objetivo a recolha seletiva multimaterial, através da deposição ordenada dos resíduos de particulares”, e que no Ecocentro “não haverá deposição de resíduos indiferenciados, não haverá transformação de resíduos, não existirá qualquer tipo de valorização de resíduos no local, é um centro de deposição que vai receber resíduos seletivos de forma temporária, que são armazenados ali e depois entregues na Tratolixo para tratamento, empresa intermunicipal que reúne os concelhos de Sintra, Cascais, Oeiras e Mafra”.

A autarquia esclarece que “a deposição será controlada à entrada por funcionários e através de câmaras de videovigilância. No local, não haverá deposição de resíduos perigosos e os próprios equipamentos elétricos e eletrónicos serão colocados num armazém e encaminhados para reciclagem”.

Por outro lado, “o Ecocentro será dotado de instalações de apoio e de equipamentos para a recolha seletiva de materiais passíveis de valorização, tais como papel/cartão, embalagens de plástico, vidro e metal, madeiras, objetos volumosos fora de uso (como colchões e sofás), pilhas, resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos, ‘verdes’ (resíduos de jardins e parques), têxteis e resíduos de demolição e construção”, refere a edilidade.

Os moradores indicam que há mais de 20 anos terá existido um projeto para um parque no mesmo local do Ecocentro, no entanto, a Câmara refere que “nunca esteve prevista a construção de um parque verde naqueles terrenos” e que com a empreitada do Ecocentro “foi prevista a criação de 4300m2 de um espaço de lazer que inclui um parque infantil e um parque canino”.

No que se refere à classificação do terreno, como Reserva Ecológica Nacional (REN) e Reserva Agrícola Nacional (RAN), a Câmara de Sintra esclarece que “ao contrário do referido a parcela em questão, além de solo rústico, também tinha, no PDM anterior, solo urbano na categoria de ‘espaços urbanizáveis de uso habitacional’”.

Quanto ao estudo ambiental, também reclamado pelos moradores, a Câmara esclarece que “a obra não carece de estudo ambiental ou de tráfego por não se tratar de uma atividade de tratamento de resíduos”, esclarecendo ainda que “os resíduos seletivos ali depositados, temporariamente, são colocados dentro de contentores, pelo que não existe qualquer contacto com o solo”.

A obra tem início este mês e tem um prazo de conclusão de um ano, estima autarquia de Sintra.

[em atualização]

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