Rui Monteiro | “Semana em defesa do SNS foi um sucesso”

Entre 6 e 12 sede dezembro o Movimento de Utentes dos Serviços Públicos (MUSP) e dezenas de comissões de utentes realizaram inúmeras ações a nível nacional com o intuito de chamar a atenção para a degradação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e a necessidade urgente de investimento no mesmo.

Falta de profissionais, dificuldades de marcação de consultas, condições precárias em centros de saúde e hospitais são alguns dos relatos ouvidos, desde Braga até ao Algarve.

Mais um milhão de utentes sem médico de família – entre eles crianças e idosos – centros de saúde onde chove quase tanto como na rua, hospitais com 15 horas de espera nas urgências, consultas de especialidade que levam mais de um ano entre a marcação e a sua realização, profissionais exaustos realizando centenas de horas extraordinárias e muitas mais de trabalho não remunerado, são o rosto da política sistemática de desmantelamento do SNS, que nem os sucessivos anúncios do governo sobre a contratação de pessoal e obras pontuais consegue esconder.

O caso particular do concelho de Sintra evidência que não é possível querer tratar as questões da saúde através de uma visão meramente municipal, sendo fundamental uma política integrada, evitando assim que os centros de saúde recentemente inaugurado continuem a prestar um mau serviço por manifesta falta de profissionais, tal como têm vindo a denunciar as comissões de utentes.

Importa aqui relembrar as declarações de António Costa que designou de “carpideiras” os utentes que se manifestavam no passado 25 Abril, na inauguração do Centro de Saúde de Mem Martins, devido à falta de médicos, enfermeiros e outros profissionais. Hoje está por demais evidente a razão dos utentes, sendo agora o descontentamento muito maior devido às promessas não concretizadas de melhoria dos serviços.

Perante todas as situações identificadas – que reforçam a ideia já existente – tornam-se urgentes medidas por parte do governo a sair das eleições de 30 de Janeiro, investindo fortemente no SNS, quer em equipamentos, quer na contratação de profissionais.

Certo de que esta tem que ser uma prioridade do país, o MUSP irá continuar a esenvolver – em conjunto com os utentes – todas as ações e iniciativas para que a melhoria dos cuidados de saúde seja uma realidade imediata, invertendo o rumo de privatização da saúde e evitando um sistema onde quem pode recorre aos serviços privados e os restantes estão condenados a ter serviços mínimos.

O Serviço Nacional de Saúde é uma das maiores conquista do Portugal democrático e requer o empenho de todos na sua defesa e reforço. O país e os utentes contarão com o MUSP neste combate.

Rui Monteiro,
Direção Nacional do MUSP