Problema no centro-direita é mais de estratégia do que de liderança

O Presidente da República assinalou hoje o afastamento entre PSD e CDS-PP que antecedeu uma fragmentação à direita e defendeu que o problema para uma alternativa forte nesta área é mais de estratégia do que de liderança.

“Para haver uma alternativa plausível e forte no centro-direita e à direita, o problema não é apenas, não é sobretudo de liderança, é um problema de estratégia”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em entrevista à TVI.

Interrogado sobre as consequências das autárquicas de 26 de setembro, o chefe de Estado considerou que estas eleições “têm sempre” leituras nacionais e que “o decisivo é o que se vai passar nos próximos três, quatro meses”, com diretas e congressos partidários.

“Não, não é só o líder, é qual é a orientação que têm de seguir”, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa referiu, depois, que “na sequência da demissão do líder da oposição [Pedro Passos Coelho, em 2017] ficou clara a falta de coligação possível entre os dois partidos que tinham estado coligados no Governo anterior [PSD e CDS-PP]”.

“E a partir daí há uma fragmentação partidária à direita”, apontou.

À esquerda, o Presidente da República atribuiu aos “partidos que têm viabilizado orçamentos” dos governos do PS as seguintes questões: “O que é que vamos fazer? Que leitura retiramos das autárquicas? Reforçar a prazo a base de poder ou enfraquecê-la?”.

“Portanto, o que eu digo é o seguinte: a leitura que os partidos fizerem à esquerda e à direita destas autárquicas vai determinar a sua estratégia para as legislativas”, sustentou.

Marcelo associa continuidade de Costa
depois de 2023 a reflexão pós-autárquicas

Marcelo Rebelo de Sousa associou ainda a continuidade ou não de António Costa como secretário-geral do PS depois de 2023 a uma reflexão pós-autárquicas do atual primeiro-ministro.

“Estamos a falar num tempo diferente, que é um tempo pós-autárquicas. Dependerá da reflexão que o secretário-geral do PS fará da situação pós-autárquicas”, considerou o chefe de Estado.

Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que “tudo o que depender do Presidente da República deve ser feito para que daqui até 2023 haja uma estabilidade governativa” e afirmou que não tenciona, “se for possível, ter exercício do poder de dissolução do parlamento até ao fim do mandato parlamentar”.

“Tudo o que estiver na minha mão eu farei, indo até ao limite dos poderes, para apelar a que os orçamentos para 2022 e 2023 sejam viabilizados”, prometeu, acrescentando que o que espera da oposição é “que ela se prepare para competir em termos de poder ganhar, se for caso disso, nas legislativas”.

Confrontado com notícias anteriores às eleições autárquicas de 26 de setembro que lhe atribuíam a convicção de que António Costa iria sair da liderança do PS e do Governo no fim da atual legislatura, em 2023, o Presidente da República respondeu de imediato que “isso foi antes do Congresso do PS” de 28 e 29 de agosto em Portimão e referiu que esse prognóstico “foi atribuído a fontes de Belém”.

Depois, assinalou que “o secretário-geral do PS deu uma entrevista antes do Congresso e nessa entrevista, que repetiu durante o Congresso, colocou um cenário com uma abertura e uma clareza que nunca tinha colocado até então, que é: ao lado de continuar a exercer funções de secretário-geral e poder ser candidato a primeiro-ministro, a de não o fazer”.

“Isso aconteceu num determinado tempo. Estamos a falar num tempo diferente, que é um tempo pós-autárquicas”, argumentou Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que a continuidade ou não de António Costa depois de 2023 “dependerá da reflexão que o secretário-geral do PS fará da situação pós-autárquicas”.