A primeira Faculdade privada de Medicina do país, foi inaugurada esta tarde de terça-feira, em Rio de Mouro, no concelho de Sintra, pela Universidade Católica Portuguesa (UCP), numa cerimónia que contou com a presença do Primeiro-ministro, António Costa, o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, do presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta, d cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, o vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo Luz Saúde, Isabel Vaz, entre outras personalidades.

A Universidade Católica passa assim a ser a primeira instituição de ensino superior privada em Portugal a ministrar um curso de Medicina, que foi aprovado pela Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) no ano passado, quase dois anos depois do pedido inicial em outubro de 2018.

“E é com muita satisfação que vejo esta capacidade que teve a Universidade Católica de vencer a burocracia do Estado e os poderes fáticos corporativos, ainda associando a si outras instituições nos domínios da ciência [Gulbenkian] e clínico [Grupo Luz Saúde]. Certamente, esta é uma grande lição que todos devemos levar, porque, unindo esforços e encontrando soluções para os problemas, não há nada que não se consiga superar”, disse o Primeiro-Ministro, António Costa.

“A instalação do futuro Campus Universitário e Faculdade de Medicina em Rio de Mouro, Sintra foi o culminar de um longo caminho e de várias batalhas” destacou por seu turno a reitora da UCP, Isabel Capeloa Gil, destacando “o grande empenhamento” da Câmara Municipal de Sintra, “para que este projeto não fosse sonho, mas tornasse realidade. É na adversidade que se conhece o bom combate e fizemos sempre com o apoio da Câmara Municipal de Sintra”, sublinhou a reitora.

“É um projeto estruturante para o futuro concelho de Sintra” destacou Basílio Horta, considerando que a instalação da Faculdade de Medicina, “dá uma primeira resposta à falta de recursos humanos” na área dos cuidados de saúde em todo o país e também no concelho. “Não basta fazer centros de saúde e até um hospital, se estas realizações não forem acompanhadas por uma correta alocação de recursos médicos que garanta o eficiente funcionamento dos serviços”, disse Basílio Horta em jeito de desabafo, acreditando que a Faculdade de Medicina em Rio de Mouro, “abre uma nova perspetiva na formação académica de médicos.

“Nós queremos ter pessoas que querem ser médicos”

“Nós queremos ter pessoas que querem ser médicos, mas em todas as suas competências, desde a académica, à científica, à comunicativa, à empatia com os doentes e à integridade. Todas as características que o médico precisa ter, é o que nós queremos recrutar”, disse aos jornalistas o diretor António Medina de Almeida.

Com apenas 50 vagas para o primeiro ano letivo e mais de 600 alunos que manifestaram interesse em candidatar-se, o processo de seleção incluiu, além das notas do secundário e exames, um teste de competências e oito mini-entrevistas para avaliar a vocação dos jovens.

No final, as notas de candidatura dos primeiros 50 alunos do mestrado integrado variaram entre 19,3 e 17,4 valores, uma média que não se distancia muito dos 18,3 valores Universidade da Beira Interior em 2020 e a média de ingresso mais baixa na primeira fase de candidaturas desse ano.

Para se formarem na Católica, os futuros médicos terão de pagar 1.625 euros mensais ao longo dos seis anos do curso. No total, são 97.500 euros a que acrescem ainda outras taxas e emolumentos.

António Medina de Almeida reconheceu que se trata de um curso caro, mas ressalvou que as contas já foram feitas e o custo de formar um médico ao longo de seis anos ultrapassa os 100 mil euros.

Ainda assim, justificou o valor com os custos associados a recursos humanos, a custos específicos dos cursos de Medicina e associados a outros equipamentos para os diferentes laboratórios da faculdade, ou a sala de anatomia preparada para receber corpos que serão depois estudados pelos alunos, e com os recursos humanos.

O diretor da Faculdade destacou também que o novo curso se distingue da oferta existente nas instituições públicas de ensino superior, referindo como exemplo que os alunos começam desde o primeiro ano a aprender técnicas profissionais e que a Católica vai apostar igualmente noutro tipo de competências não académicas, designadamente a comunicação, através de consultas simuladas também desde o início do curso.

A Católica recebe agora os seus primeiros 50 estudantes de Medicina, estando previsto que a partir do ano letivo seguinte o número de lugares disponíveis passe para 100.

Recorde-se, a inauguração da nova Faculdade, no ‘campus” de Sintra da UCP, estava agendada para segunda-feira, mas foi adiada devido à morte do antigo Presidente da República, Jorge Sampaio.


Sintra Notícias com Lusa