Tradição do culto a São Mamede em Janas

Capela de São Mamede em Janas

Devido à pandemia Covid-19, as festas em Honra de S. Mamede, organizadas pelo Janas Futebol Clube, não se realizaram. Contudo foram cumpridas as cerimónias religiosas, nomeadamente a celebração da Missa de Assunção de Nossa Senhora, no dia 15 de agosto, não faltando os ingredientes habituais nestas festas, nomeadamente a venda de fitas, velas e bolos da festa.

O ponto alto dos festejos, cumprindo as normas da Direção Geral da Saúde, realizou-se esta tarde, com a celebração da Missa Campal, seguida da “Bênção dos Animais”.

Embora celebrado em alguns locais do nosso país, é em Janas que o culto de São Mamede guarda a mais antiga tradição.​ Nascido em Cesaria, na Capadócia, no ano de 261, São Mamede foi vítima da sua fé religiosa.

Perseguido pelas autoridades, sofreu os mais variados tormentos: depois de preso foi flagelado e apedrejado, acabando por ser lançado ao rio. Diz a tradição que, tendo sido lançado ao circo para ser devorado pelas feras, estas se prostraram a seus pés como cordeiros.

Condenado a ser queimando vivo, acabaria, no entanto, por sofrer o martírio de ter o abdómen aberto com um ferro tridente.

São Mamede protetor de animais

A feira tem o seu ponto alto na bênção do gado a 17 de agosto, altura em que os animais são abençoados após a missa, que envolve as tradicionais três voltas em redor do templo sintrense.

A bênção do gado, é o momento mais esperado neste dia São Mamede, junto à capela circular.

Neste dia, as populações de Janas e das vilas vizinhas têm ainda como tradição realizar um piquenique no pinhal adjacente à feira, antecipando o ritual de bênção do gado.

Ao atribuírem origem pagã à Ermida de Janas, os eruditos defendem a ideia baseando-se ter sido a zona largamente habitada na época Luso-Romana. No entanto, não se ignora ter sido o local bastante habitado em épocas anteriores por populações que, certamente, fizeram transitar as suas tradições, nomeadamente as suas crenças.

O considerar-se o local de Janas como segunda designação, o nome de Lucina, divindade pouco conhecida, mas que alguns investigadores dão como das mais antigas divindades de península, companheira de Lug, de onde derivaria o nome de Lusitânia.

Diz ainda a tradição que quando pensaram construir a capela, a fizeram de paredes direitas, mas no dia seguinte toda a obra estava destruída. Só quando a fizeram redonda, é que ela se manteve de pé, e se conservou em muito bom estado até aos nossos dias. 

Texto: Sintra Notícias com Janas Futebol Clube