Hockey Club de Sintra sem jogadores, denuncia pressões para jogar

Com a maior parte do plantel em isolamento, o Sintra denuncia pressões para jogar, "nem que seja com Sub-17", permitindo assim cumprir o planeado para a II Divisão.

Pavilhão do Hóquei Clube de Sintra

A I Divisão em que habitualmente se concentram os holofotes já terminou, com Os Tigres, Riba d’Ave e Famalicense a serem despromovidos. Mas falta encontrar quem os substitui no palco maior do Hóquei em Patins Nacional.

A II Divisão não foi equiparada a profissional, esteve muito tempo parada – quer em jogos, quer em treinos – e regressou apenas em Abril para tentar completar o muito que ainda faltava jogar, num calendário apertado e praticamente sem margem para eventuais novos adiamentos. E, o que se fazia “figas” para não acontecer, aconteceu.

Um caso positivo no Sintra levou ao isolamento de grande parte do plantel sénior e alguns Sub-19, que se somam a algumas lesões complicadas. A deslocação ao Pico, agendada para este sábado, para defrontar o Candelária, foi adiada para data a definir. E, com 14 dias de isolamento profiláctico esperados, o calendário fica de sobremaneira comprometido.

Depois de uma Liguilha no início da época para defender o seu lugar na II Divisão, o Sintra surpreendeu às ordens de João Baltazar e é atualmente 8.º classificado com 32 pontos em 21 jogos. Na correria para o fim da época, este sábado haveria jogo no Pico e nos dois próximos fins-de-semana estavam previstas jornadas duplas.

A 3 e 4 de Julho, o Sintra teria jogos com Vilafranquense e Murches e, a 10 e 11, nova jornada dupla – com BIR e Paço de Arcos – deveria encerrar a primeira fase para que a 17 de Julho haja os jogos de apuramento de campeão e de promoção.

Quando o Porto foi fustigado por vários casos em Dezembro, foi afastado da Taça 1947, mas essa decisão nunca foi aplicada aos campeonatos. Agora, na necessidade de se apressarem jogos na II Divisão, em comunicado – transcrito abaixo na íntegra – dirigido aos sócios e assinado pelo Presidente da Direção, Francisco Leitão, o histórico Hockey Club de Sintra denuncia pressões para ir a jogo(s). Seja com quem for.

De facto, o que está definido é que no início da época terá sido enviada “antes do início do campeonato a ‘Lista de atletas da equipa – COVID 19’, constituída obrigatoriamente com o mínimo de 10 e máximo 14 atletas”, sendo que os jogos devem ser realizados “sempre que a equipa tenha no mínimo 7 jogadores disponíveis” dessa lista. Assim, o que está definido é que a FPP “poderá” adiar o jogo. “Poderá”, mas – no rigor da escrita – não tem de o fazer, ainda que anteriormente tal nunca tivesse sido recusado aos clubes.

COMUNICADO NA ÍNTEGRA
DO HÓQUEI CLUBE DE SINTRA

“Estimados sócios,

Não é apanágio desta direcção, neste caso do seu presidente, prestar ou fazer grandes declarações públicas, no entanto, dado o contexto em que vivemos e a fase difícil que estamos a atravessar, tenho como presidente de deixar aqui um esclarecimento a todos os sócios e público em geral.

Agora fico-me só pelo esclarecimento, mas mais tarde farei um testemunho pessoal sobre o que penso de todos os que nos regulam, governantes, entidades reguladoras e outras que julgam que tudo podem e esquecem quem os elege.

Como bem sabem a época do Hockey Club de Sintra vai muito longa, iniciámos trabalhos a meados de Julho de 2020 para disputar uma Liguilha que ninguém pretendia, mas que todos engoliram (tenho de tirar o chapéu a uma instituição que se recusou a participar sofrendo as consequências adjacentes).

Até agora fomos bafejados pela sorte, mas também trabalhámos sempre com o máximo de cautelas que nos era exigido. Infelizmente o infortúnio bateu-nos à porta na pior fase da prova, neste fim-de-semana com uma partida para realizar na Ilha do Pico, um dos nossos atletas testou positivo e colocou toda a comitiva em isolamento profilático.

Como somos pressionados (e de que forma) a concluir o campeonato nem que seja a jogar com SUB-17, vamos preparar um grupo de atletas para participarem nos nossos jogos em falta. Iremos estar a desvirtuar a nossa classificação e provavelmente a de terceiros, mas se não o fizermos somos excomungados e trucidados pelos que acham ser os DDT [Donos Disto Tudo].

Iremos participar e honrar as nossas cores da melhor maneira possível nas restantes jornadas, mas cientes que será necessário fazer algo de profundo muito em breve, ou então, ficam os que tudo podem e jogam sozinhos”.

O Presidente da Direcção
Francisco Leitão