Lisboa com 3,28 vezes mais casos que o esperado nas últimas três semanas

O concelho de Lisboa teve nas últimas três semanas 3,28 vezes mais casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2 do que o esperado, afirmou hoje a investigadora Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública.

Falando na reunião periódica de análise da situação epidemiológica, que junta no Infarmed, em Lisboa, especialistas, membros do Governo e o Presidente da República, a epidemiologista salientou que, como em Lisboa, se registaram na última semana sete ‘clusters’ de casos no território nacional, quatro deles com alguma dimensão na diferença entre o que foi observado e o que era esperado tendo em conta a tendência nacional.

O concelho da Golegã teve 9,14 vezes mais casos observados do que o esperado e Salvaterra de Magos 3,58 vezes mais casos, apontou, salientando que “os números de casos por detrás da identificação destas áreas são completamente diferentes”.

Para avaliar a gravidade efetiva do estado destes concelhos, terá que se ter em conta outros indicadores, como a incidência de casos ou a tendência temporal mais alargada, adiantou.

A percentagem de portugueses que não confia na resposta do sistema de saúde a doenças não-covid-19 diminuiu de quase 80 por cento em fevereiro para menos de 40% atualmente e a percentagem de pessoas que afirmam não confiar de todo nos serviços de saúde para outras doenças além da covid-19 diminuiu de 79,4% em 22 de janeiro para 38,7% na quinzena atual, disse a investigadora da Escola Nacional de Saúde Pública.

Carla Nunes apontou uma “franca recuperação” nos indicadores de confiança dos portugueses na saúde, referindo que a falta total ou quase total de confiança na resposta do sistema à pandemia desceu de 32,7% em meados de fevereiro para 14,1% atualmente.

O número de pessoas que declararam ter ido a consultas presenciais aumentou também de 72,3% para 84,2%.

Em fevereiro, a percentagem de pessoas que declarava ter saído de casa nos 14 dias anteriores sem ser para trabalhar era de cerca de 14% e agora esse indicador está nos 48%.

Quando questionadas sobre estado “ansioso, agitado, em baixo ou triste” por causa das medidas de distanciamento físico e isolamento, em fevereiro 28,3% das pessoas declarava sentir-se assim todos os dias ou quase, enquanto agora a percentagem está em 17,9%.

Carla Nunes referiu que ao longo do período da pandemia, este indicador teve um pico de 30% em maio de 2020 e o valor mais baixo foi registado em julho do ano passado, com 11,5%.