Fernando Morais Gomes | “A História são as pessoas e a sua circunstância”

Morreu Soares Martinez, meu antigo professor de Direito Fiscal e História Diplomática na Faculdade de Direito de Lisboa (FDL).

Sempre arrastando a aura de ter chamado os “gorilas” da PIDE antes do 25 de Abril, era igualmente famoso por fazer as mais desconcertantes perguntas nas suas orais, a ponto de serem motivo de antologia, e não raras vezes de reprovação, do tipo: “A que horas saiu Sidónio Pais de casa no dia 5 de Dezembro de 1917?”.

E a verdade, é que esses dados constavam da sua sebenta.

Não esqueço um antigo colega mais tarde ministro dum PALOP, reprovado logo à primeira pergunta por não saber a data da Revolução Francesa.

Pessoalmente, nada tenho a apontar. Era um personagem de outros tempos.

Um dia, estando já há quase um mês à espera que lançasse a nota de um exame de Fiscal para saber quando seria a oral, e tendo uma viagem de inter rail marcada, esperando na data ter já o exame despachado, abordei-o, e, em vez de um indivíduo arrogante ou prepotente, mandando-me adiar a viagem ou dela desistir, que o problema seria meu, disse-me que fosse descansado e quando voltasse lhe telefonasse.

E como combinado, lá me fez o exame uns dias depois da data prevista, já com as demais orais dos colegas terminadas e com reagendamento por si promovido.

A História são as pessoas e a sua circunstância.

Fernando Morais Gomes