José do Nascimento | “Gostaria de saber…”

Opinião

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Por norma e até para exercitar a mente, a cada facto que constato, prefiro exercitar os neurónios para perceber o acontecimento e só quando realmente não chego a qualquer solução, é que pergunto: Porquê?

Talvez seja pela idade, os porquês têm-se multiplicado bem mais do que era costume, mas continua a ser endémico o querer perceber porquê, não me bastando saber o quê. Assim, e porque não percebi porquê, gostaria de saber:

1 Voltando às eleições presidenciais do passado Janeiro, e com a assembleia eleitoral que me foi atribuída para a Escola secundária de Santa Maria – para a minha geração era o liceu da Portela de Sintra – durante todo o dia em que decorreu o acto eleitoral, verifiquei que nas quatro mesas existentes, a 1(um) e a 2(dois) apresentaram sempre filas, por vezes inusitadas que não aconteciam nos actos eleitorais pré-pandemia, e as mesas 3(três) e 4(quatro) tinham momentos de grande, ou mesmo profunda, acalmia.

Nos tempos do número de eleitor, que obrigava a um cartão perfeitamente dispensável, a quantidade de eleitores por mesa e a título de exemplo, se numa assembleia com 10.000 eleitores e quatro mesas, dividia-se a 2.500 eleitores por cada uma. Fácil!

Também parece fácil fazer o mesmo quando se passou a dividir os eleitores por ordem alfabética e fazer coincidir com a mesma proporção numérica que antes existia… Mas foi isso que foi feito? Repetir a pergunta prece pertinente: Foi isso que foi feito?

É sabido que há mais António que Zeferino, mas não quero querer que se tenha ido ao alfabeto e que o tenham dividido em quatro e do A ao H seria mesa 1(um) e assim sucessivamente até à Zulmira… Mas fica a dúvida.

Mas será que aconteceu que todos que, com o nome de Abel resolveram votar e os Xavier preferiram ficar confinados e não participar num acto eleitoral porque já havia vencedor antecipado?

Continua a dúvida… Mas gostaria de saber!

2 Quando há dias li que um cidadão português já com 101 anos de idade ainda não tinha sido notificado para vacinação, levou-me a pensar que teríamos uma população centenária muito significativa. Uma vez que se tinha entrado na vacinação em massa para a classe etária superior aos 80 anos, era espectável que o dito cidadão centenário estivesse no grupo prioritário a par de um grupo etário bem mais baixo, mas com patologias associadas que lhes confeririam prioridade.

Este é um dos factos que me fez pensar… Mas que não consegui perceber, logo entrei na fase do “gostaria de saber”, e o que li depois, deixou-me no estado que classifico de: “Antes não soubesse!”

O que li, foi que o cidadão de 101 anos se chamava “Joaquim” e estavam a vacinar ainda os cidadãos acima dos 80 anos com nome de “Fernando”… Coitado do meu amigo Zacarias que faz este ano 103 anos!

Será que a vacinação acima dos 80 anos é por ordem alfabética e não por idade? Gostaria de saber.

3 Não preciso que me digam que os hospitais e lares de terceira idade são locais de alto risco num contexto de uma pandemia como a que nos atingiu há pouco mais de um ano e pode estar ainda para durar mais algum tempo.

Não gastei muitos neurónios para o saber, mas também julgo saber como fazer para proteger, todos os profissionais que são indispensáveis para a laboração daqueles espaços e julgava saber que os utentes de hospitais e lares não tinham cometido crime nenhum, mas parece que esses utentes, a quem o contacto com os entes mais próximos é indispensável para a recuperação de uma doença ou para minimizar o natural desconforto de um lar, por muito boas condições que ofereçam.

É natural que nos primeiros momentos de pandemia se clamasse “aqui d’el rei”, mas um ano depois, o não haver visitas a um doente num hospital, respeitando as devidas medidas de segurança e não se poder visitar as pessoas a quem devemos aquilo que somos, nas mesmas premissas de segurança, parece ser o declarar que adoecer é crime e velho não mais merece que a prisão sem direito a visitas.

Pode ser que não seja assim, mas se não é… Gostaria de saber!

José do Nascimento