José do Nascimento | Curtas Crónicas Avulso (Parte I)

Opinião

Manter uma “coluna” num jornal digital, é diferente daquilo que me habituei quando colaborei num jornal impresso, nesse registo estava limitado a um tamanho bem delimitado ao número de caracteres que cabiam no espaço da página que me concediam.

No Sintra Notícias tenho suficiente espaço para ir escrevendo pensamentos ao sabor dos ventos, mas não pretendo cair no erro do defeito ou do excesso. Assim, por agora, optei por pequenas crónicas completamente avulso.

1 – Crónica de uma Paisagem.

Em Sintra proliferam paisagens capazes de nos deixar estasiados, não só perímetro florestal, o mais conhecido, mas também se pode dar o exemplo do excelente litoral sintrense com algumas das praias mais bonitas do país, entre o Cabo da Roca e São Julião, ou ainda as quase desconhecidas quedas de água de Armez.

A paisagem desta curta crónica avulso, situa-se em plena área classificada como património da humanidade e tem como ponto de observação o vulgarmente denominado Jardim da Vigia, na realidade Jardim da Condessa de Seisal. Desde a infância que me acostumei a deleitar-me com aquela paisagem, os três castelos! Da esquerda para a direita temos o Monte Sereno, ao meio o Palácio da Pena e por fim o Castelo dos Mouros.

Ao longo dos anos a paisagem foi parecendo imutável, mas o edifício acastelado do Monte Sereno acabou por ir desaparecendo, mercê do crescimento não controlado da vegetação circundante… É bom que haja vegetação, é dela que respiramos, mas em alguns casos, talvez fosse conveniente controlar o seu crescimento, aliás a área classificada pela Unesco, tem directamente a ver com a paisagem que parece ser conveniente proteger.

O edifício acastelado do Monte Sereno, julgo que não é de interesse histórico, foi simplesmente um devaneio de um fabricante de queijadas, mas de tal modo fazia parte da paisagem que é popularmente designado por Castelo de São Gregório.

Será possível pô-lo à vista de novo!

2 – Nem Tudo o COVID Justifica.

A indesejada pandemia que apareceu sem ser convidada, veio a obrigar a novos procedimentos nos espaços públicos, principalmente nas zonas de serviços prestados à população e superiores cuidados na área da saúde, locais potencialmente vulneráveis a contaminações.

Justificam-se medidas severas de prevenção nos hospitais, mas nem tudo o COVID justifica. Justificam-se as restrições a visitas, ou mesmo suspensões das mesmas, embora sabendo-se o quanto são importantes para quem se encontra hospitalizado, nada cura melhor que o olhar de perto um familiar ou um amigo próximo. O que o COVID não justifica, e o que se segue não vem do que se pode ler aqui e ali nas redes sociais, sempre potencialmente tendencioso, mas do que tenho conhecimento próximo.

É vulgar e transversal nos hospitais públicos ou privados, deixar-se um doente internado e ficar-se sem saber dele, por vezes dias intermináveis, visitas praticamente interditas, talvez porque nada se fez para que elas fossem possíveis, segundo regras restritas, ter-se-á optado por as proibir como se doença fosse crime e não restrição, mas mais grave é a proliferação da não informação. Deposita-se, o doente no hospital, o termo é mesmo este “deposita-se” e, pura e simplesmente, desaparece! Quanto a notícias dele normalmente não passam de:

Não podemos dar essa informação!

Inqualificável!


José do Nascimento