“Não há nenhum caso de infeção pelo vírus entre os 3600 trabalhadores da autarquia”, destaca Basílio Horta

A pandemia Covid-19, causou quatro óbitos no concelho Sintra, número confirmado por Basílio Horta, em entrevista ao SINTRA NOTÍCIAS, em direto nos Paços do Concelho. O presidente da Câmara de Sintra, admite que os casos de infeção registados na Casa de Saúde da Idanha e na Casa de Saúde do Telhal, foi o momento “crítico e mais difícil” de superar, tendo em conta “um número muito grande de casos infetados”.

Basílio Horta destaca a “intervenção imediata” do município e em particular o vereador Domingos Quintas, com o pelouro da Proteção Civil, permitindo criar condições para a desinfeção das instalações e travar a propagação do vírus, que chegou aos 50 casos.

O presidente da Câmara, aproveitou a ocasião para destacar o trabalho anónimo de uma equipa que classifica de “magnifica”, em particular os trabalhadores da Câmara e dos SMAS, que “deram tudo”, considerando-os “grandes heróis”. Apesar do risco a que todos estiveram sujeitos, “não há nenhum caso de infeção pelo vírus entre os 3600 trabalhadores da autarquia”.

MÁSCARAS DE PROTEÇÃO:

Um milhão vão ser distribuídas pelas famílias e as restantes entregues às forças de segurança, IPSS, bombeiros, hospitais e outros setores da linha da frente

Questionado sobre a aquisição de máscaras de proteção, o autarca recorda que numa fase inicial foram distribuídas por pessoas mais sensíveis e outras que mantinham contacto direto com casos de infeção, caso dos Bombeiros, das IPSS entre outros. “Foram disponibilizadas largas centenas de milhares de máscaras”, mas são necessárias mais.

Basílio Horta dá conta da aquisição recente de mais “dois milhões de máscaras certificadas pelo Infarmed e que deverão chegar no mesmo avião que trás também as encomendas do Estado”.

Um milhão vão ser distribuídas pelas famílias, [cerca de 5 para cada família] e as restantes entregues às forças de segurança, IPSS, bombeiros, hospitais e outros setores da linha da frente, “para reforço e para responder a alguma falha” e ainda um stock que ficará em reserva para o caso de uma reincidência da pandemia, sendo que “o ideal é haver sempre um milhão de máscaras em reserva”, nota o autarca que não coloca de parte a hipótese da Câmara de Sintra voltar a comprar mais máscaras, em caso de necessidade.

DESEMPREGO:

“Estamos em condições e temos financeiramente possibilidades de começar a fazer pagamentos [Fundo Municipal de Emergência Empresarial] já em maio”

Questionado sobre a taxa de desemprego em Sintra que disparou de 4,5% para os 11%, Basílio começou por lembrar que “por trás dos números não podemos esquecer que há caras, pessoas e famílias”.

No sentido de dar alguma ajuda, a autarquia criou um “fundo municipal de emergência empresarial”, com a dotação inicial de três milhões de euros, cuja candidatura implica a manutenção dos postos de trabalho.

A iniciativa registou boa receptividade, com mais de 500 inscrições. “Manter o emprego, ajudar o empresário e a economia de Sintra, que se baseia em micro e pequenas empresas”, é o objectivo deste fundo, explicou Basílio Horta, “e estamos em condições e temos financeiramente possibilidades de começar a fazer pagamentos já em maio”, disse.

Sobre o tempo de recuperação da economia local, Basílio manteve alguma reserva. “Sinceramente, não sei responder. Estamos a pisar terreno desconhecido. Os efeitos que isto tem no emprego e na economia é difícil de calcular”.

Ainda assim, “não nos devemos deixar submergir por este tsunami”, porque “o medo e a indecisão não pode coartar o que tem de ser feito”, quer a nível nacional e europeu.

SAÚDE:

“Durante muitos anos, Sintra foi completamente abandonada na área da saúde”

Sobre a construção do Hospital de Sintra, em terrenos já identificados na Cavaleira, na freguesia de Algueirão Mem Martins, Basílio Horta confirmou o arranque da obra “ainda este mandato” e “em construção adiantada”, lembrando a morosidade do processo, estando o concurso internacional preparado para ser lançado em julho próximo, para que a obra se inicie, no decorrer do primeiro trimestre de 2021.

“É a primeira vez no país que um município constrói um hospital, agora em ligação com o Ministério da Saúde. Estamos a cumprir os prazos, e a obra já está orçamentada em mais de 30 milhões de euros”, notou o autarca.

A decorrer estão já as obras de construção da maior unidade de Saúde do país, nos antigos terrenos da Messa, em Mem Martins. “Mas ainda temos a construção do Centro de Saúde de Belas e de Rio de Mouro”, lembra Basílio Horta, sublinhando que “a saúde é o sector mais importante” no concelho, “porque durante muitos anos, Sintra foi completamente abandonada” nesta área.

Na educação, destaque nesta entrevista a construção da Faculdade de Medicina da Universidade Católica, com um parecer inicial da Ordem dos Médicos a não concordar porque não havia necessidade de mais médicos e também porque aquela Faculdade não teria condições técnicas. Basílio manifesta esperança de que a construção seja feita, porque existe um parecer posterior da Ordem dos Médicos que altera a posição inicial. Contudo o autarca revela que a Câmara ainda não recebeu o loteamento daqueles terrenos.

SEGURANÇA:

“Comando Territorial da GNR vai ser transferido para o concelho de Sintra”

O Comando Territorial da Guarda Nacional Republicana (GNR) sediado na Calçada do Combro em Lisboa, “vai ser transferido para o concelho de Sintra”, anunciou Basílio Horta, em entrevista ao SINTRA NOTÍCIAS.

O presidente da Câmara de Sintra, revelou que no dia 11 de maio irá reunir com o secretário de Estado Adjunto da Administração Interna, para abordar a transferência e condições de instalação do Comando Territorial da GNR, no concelho de Sintra, cujos terrenos para a sua construção, “estão já previstos”, não anunciando para já, a sua localização.

“Ter o comando a funcionar aqui, é uma grande mais valia”, sublinha o autarca, destacando o “grande contacto de proximidade com a GNR e PSP”, dando como exemplo o investimento de 276 mil euros da Câmara de Sintra na aquisição de 12 carros-patrulha aos postos da GNR e esquadras da PSP do concelho. Basílio, destacou ainda a importância de funcionar o concelho, o Regimento de Artilharia de Queluz, os Comandos e a Base Aérea de Sintra.

Questionado sobre o aumento do número de casos de violência no município, o autarca mostrou-se preocupado: “Num concelho como o nosso com mais de 400 mil pessoas, tão disperso e com zonas urbanas tão concentradas, este tipo de conflitos acontecem. Mas a verdade é que a polícia está presente e não temos nenhum bairro onde a polícia não entre”, desabafou.

LINHA DE SINTRA:

“Não podemos continuar a admitir que nas horas de ponta,
os comboios estejam cheios de pessoas” 

Basílio Horta, manifestou-se desagrado com a falta resposta do governo, na Linha de Sintra. “Não podemos olhar para a Linha de Sintra e mantê-la como está”, refere o presidente da Câmara, lamentando “anos e anos de desinvestimento, e deixou-se chegar ao ponto limite”.

O Governo vai investir 200 milhões de euros em equipamentos ferroviários, mas o edil faz questão em saber ”o que é que vem para Sintra”, admitindo que na atual conjuntura é necessário voltar a haver o número de comboios suficientes nas horas de ponta. Em jeito de desabafo, lamenta que os oito comboios suprimidos durante a tróika, não tenham sido repostos em circulação, conforme prometido: “Tem que haver respostas técnicas para decisões politicas”, disse sem pessoalizar a crítica.

Pensativo, “não podemos continuar a admitir que nas horas de ponta, os comboios estejam cheios de pessoas”, notou o presidente da Câmara, deixando um aviso: “Se isto continuar assim vamos ter que ter reações que, com franqueza, não gostava de tomar”.

ESTADO DE EMERGÊNCIA

“Consciência”, “bom senso”, “seriedade”, “civismo e equilíbrio nos tempos que correm”, destacando o mesmo “sentido de responsabilidade”, revelado durante a pandemia

Basílio Horta está convicto que esta pandemia “abra espaço para uma reflexão sobre o nosso modelo de desenvolvimento”, falando de injustiças várias, dando como exemplo a “concentração de riqueza exagerada, falta de investimento em serviços essenciais”, e a “ideia de que o lucro é a base de quase tudo”.

Já no final da entrevista ao SINTRA NOTÍCIAS, e em vésperas de terminar o estado de emergência e período de confinamento, Basílio Horta compreende que “não podíamos continuar com a economia fechada mais tempo até haver uma vacina”, mas pede à população, “consciência”, “bom senso”, “seriedade”, “civismo e equilíbrio nos tempos que correm”, destacando o mesmo “sentido de responsabilidade”, revelado durante a pandemia.

ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:

Entrevista com Basílio Horta em direto

Como está o município de Sintra a vencer o vírus? Que riscos e custos para a economia local? Mudar de comportamento ou recomeçar uma nova vida?Entrevista em direto com o presidente da Câmara Municipal de Sintra.

Posted by Sintra Notícias on Wednesday, 29 April 2020


[em atualização]