A Humana Portugal, recolheu o ano passado no concelho de Sintra, mais de 413 toneladas de roupa disse ao SINTRA NOTÍCIAS a associação sem fins lucrativos que funciona, desde 1998, a favor da proteção do meio ambiente através da reutilização têxtil, levando a cabo igualmente programas de cooperação em África e de apoio local em Portugal.

No balanço final do têxtil recolhido no município, os números confirmam a recolha de mais de 413 toneladas de têxtil usado, cerca de 930 mil peças de roupa usada, em contentores da Associação e que ganham “uma segunda vida, graças à reutilização e à reciclagem”.

“Como sabemos, a indústria da moda é o segundo setor mais poluente do mundo e desta forma, a reutilização é a forma mais eficiente de promover a economia circular e a moda sustentável”, sublinhou a associação, adiantando que a nível nacional, todos os anos, “os portugueses deitam fora aproximadamente 200 mil toneladas de roupa usada, parte da qual vai parar aos caixotes do lixo indiferenciados”.

Apesar de, na sua totalidade, os resíduos têxteis perfazerem cerca de 4% de todos os resíduos produzidos no nosso país, verifica-se “nos últimos anos uma subida do seu volume, devido a uma realidade que não é exclusiva a Portugal, mas comum a todo o mundo ocidental como resultado da fast fashion – moda acessível que segue tendências muito efémeras e que, por isso, se torna obsoleta num curto espaço de tempo”, refere a Humana.

Segundo Filipa Reis, promotora nacional da Humana em Portugal “é fundamental a consciencialização da população, sobretudo dos mais jovens, já que estará futuramente nas suas mãos a proteção ambiental e este passo só pode ser dado através da educação”.

Componente social

Refira-se, o trabalho da Humana desenvolve-se em estrita relação com os municípios, como Sintra, através da instalação de contentores que garantem “uma segunda vida a cada peça de roupa desperdiçada”.

A associação terminou o ano de 2019, com 826 contentores verdes distribuídos por todo o país através de mais de 142 parceiros públicos e privados. Trata-se de um modelo de gestão sustentável dos resíduos que apoia as administrações locais a atingir o objetivo da recolha seletiva de têxteis obrigatória em 2025 por parte de todos os estados membros, imposta pelas diretrizes da União Europeia.

De acordo com Filipa Reis, “todas as partes implicadas devem redobrar os esforços para aumentar os valores de recolha seletiva, não só para respeitar o objetivo imposto por Bruxelas, mas também para potencializar o benefício ambiental e social da roupa usada”, acrescenta.

O serviço de recolha de têxteis é gratuito e representa uma poupança significativa nos gastos de recolha e tratamento dos resíduos urbanos, fomenta a economia circular e o emprego verde.

O benefício ambiental

Segundo a Associação Humana, “a reutilização e a reciclagem têxtil são essenciais ao combate contra a mudança climática, uma vez que reduzem o desperdício em depósitos controlados e usinas de incineração e, consequentemente, a emissão de gases de efeito estufa”.

Feitas as contas a associação recolheu o ano passado, 3.400 toneladas de têxtil em Portugal, o que preveniu a libertação de 10.775 toneladas de CO2 para a atmosfera. Feitas as contas, este valor equivale à emissão anual de 4.064 carros (que circulem 15.000 km/ano) ou a absorção de CO2 por parte de 80.407 árvores durante um ano.

A Humana através da sua rede de lojas de roupa em secondhand, conta atualmente com 10 lojas em Lisboa e 5 no Porto, promove a reutilização e a moda sustentável.

A roupa como motor de cooperação e apoio

“A gestão sustentável dos resíduos têxteis permite-nos obter os recursos necessários para investir em iniciativas sociais”, sublinha a Associação, acrescentando que “depois de mais de duas décadas de atividade e graças ao apoio dos parceiros locais, dezenas de milhares de pessoas beneficiaram dos programas de desenvolvimento da Humana nos países do Hemisfério Sul, sobretudo as zonas rurais e com elevados índices de pobreza da Guiné-Bissau e de Moçambique”.

Todos os anos, a Humana destina fundos para a formação de professores de educação primária, o fomento da agricultura sustentável ou a luta contra o HIV/SIDA, entre outras ações.

A valorização da roupa permite igualmente criar recursos, que em conjunto com as entidades públicas e privadas com quem estabelecemos parcerias, são destinados a iniciativas de sensibilização e de apoio local em Portugal.